O mundo do vinho está testemunhando uma transformação significativa nos últimos anos. Uma nova tendência vem ganhando força entre os apreciadores: a busca por vinhos com menor teor alcoólico. Esta mudança reflete um movimento maior na sociedade, onde consumidores cada vez mais conscientes procuram alternativas que combinem prazer e bem-estar.
O perfil do novo consumidor
O público que busca vinhos com menor graduação alcoólica é diversificado, mas apresenta algumas características em comum. Em sua maioria, são profissionais urbanos, entre 25 e 45 anos, com bom poder aquisitivo e alto nível de informação sobre saúde e bem-estar. São pessoas que não querem abrir mão do prazer de degustar um bom vinho, mas desejam fazer isso de forma mais equilibrada.
Este movimento é particularmente forte entre os millenials e a Geração Z, que demonstram maior preocupação com questões de saúde mental e física. Para eles, o consumo moderado de álcool faz parte de um estilo de vida mais sustentável e equilibrado.
Uvas preferidas e características
Algumas variedades de uvas naturalmente se prestam melhor à produção de vinhos com menor teor alcoólico. Entre as mais populares estão:
Uvas brancas
Moscatel: Conhecida por produzir vinhos leves e aromáticos, com teor alcoólico entre 8 e 12,5%; como o argentino Dandelion Skin Contact Orgânico com 85% ugni blanc e 15% moscatel, que possui exatamente 12,5% de álcool. Mostra uma cor âmbar com aparências ocres. Aromas de camomila, tília, folhas de chá e peras se destacam. Na boca apresenta uma combinação com frutas brancas e notas de nectarina. Tem uma acidez bem equilibrada que o torna fresco e com um longo final de boca. Combina com peixes, aves, frutos do mar e massas em geral.
Riesling: Especialmente as versões alemãs podem apresentar apenas 8-10% de álcool.
Vinho Verde: Produzido com blend de uvas portuguesas, raramente ultrapassa 11,5% de álcool, experimente o vinho português Incomum Branco que possui as uvas loureiro e arinto, cor de citrino brilhante, tem 11,5% de álcool. Aromas intenso, frutado com algumas notas florais, paladar fresco, macio e aveludado com a fruta sempre presente. Final cremoso e persistente. Ideal como aperitivo ou para acompanhar pratos de mariscos, peixe, aves, massas e pratos asiáticos.
Uvas tintas
Cabernet Franc: Em certas regiões, produz vinhos frescos com moderado teor alcoólico. O chileno Trick Rabbit Reserva Cabernet Franc/Carménère apresenta blend com 60% cabernet franc e 40% carménère com 14% de álcool. No nariz apresenta aromas de folhas secas e pimenta branca com toques de framboesa e chocolate. Na boca é redondo com sabor de amora e taninos suaves. Final complexo e encantador. Harmonize com porco, cordeiro e queijos maduros e envelhecidos.
Gamay: A uva do Beaujolais francês, produz vinhos leves com 11-12% de álcool;
Pinot Noir: Quando cultivada em regiões mais frias, gera vinhos elegantes com 12-13,5% de álcool; como o chileno William Cole Vineyard Selection Pinot Noir, com 100% pinot noir e 13,5% de teor alcoólico. Vinho de cor cereja, translúcido e brilhante. Apresenta aromas de rosas e chá preto. Possui corpo médio e persistência. Sabores frescos com taninos redondos e delicados. Combina com risoto de cogumelos, brownie ou sozinho.
Regiões produtoras em destaque
O clima tem papel fundamental na quantidade de açúcar que a uva desenvolve e, consequentemente, no teor alcoólico final do vinho. As regiões mais frias naturalmente se destacam neste segmento.
Velho Mundo
Alemanha: Especialmente o vale do Mosel, com seus renomados Rieslings.
Beaujolais (França): Especializada em vinhos leves da uva Gamay.
Loire (França): Conhecida por vinhos brancos e tintos leves.
Norte de Portugal: Região dos Vinhos Verdes como o vinho Tapada dos Monges Loureiro com 100% loureiro, cor de citrino e apenas 11,5% de álcool. Aroma intenso floral, com notas de frutas. Paladar fresco, com notas de maçã madura e alguma acidez delicada que equilibra e torna o conjunto harmonioso. Persistente e bastante elegante. Ideal com saladas, peixe grelhado e pratos leves.
Novo Mundo
Argentina: Mendoza. Como exemplo, o vinho Kalós 59N Chardonnay com 100% chardonnay e teor alcoólico de 12,5%. Cor dourada com reflexos esverdeados claros. Aromas complexos de maçã, abacaxi e
pêssego. Sua passagem por carvalho aporta notas de cacau e mel, que resulta em um agradável final de boca. Perfeito como “welcome drink” e com saladas e peixes.
Canadá: Região de Niagara.
Chile: Vales costeiros como Casablanca e San Antonio. Caso do vinho William Cole Vineyard Selection Sauvignon Blanc com 100% sauvignon blanc, cor amarela prata com reflexos prateados quase translúcido e brilhante e 13,3% de álcool. Apresenta aromas de notas cítricas, como pomelo. Possui corpo e persistência média. Na boca, possui sabores cítricos, minerais com notas leves de sal. Rica acidez. Ideal para acompanhar mariscos e peixes.
Nova Zelândia: Principalmente Marlborough e Central Otago.
Técnicas de produção inovadoras
Os produtores têm investido em técnicas específicas para atender esta demanda. Com técnicas como:
- Colheita antecipada: Uvas colhidas um pouco antes do ponto ideal de maturação contêm menos açúcar.
- Fermentação controlada: Processos que interrompem a fermentação antes que todo o açúcar seja convertido em álcool.
- Tecnologia de desalcoolização: Métodos modernos que removem parte do álcool mantendo os aromas e sabores.
Benefícios e atrativos
Os vinhos com menor teor alcoólico oferecem várias vantagens:
– Menor ingestão calórica;
– Redução dos efeitos negativos do álcool no organismo;
– Possibilidade de degustar mais rótulos em uma mesma ocasião; e
– Maior facilidade para harmonização com refeições leves.
O futuro do segmento
A tendência de vinhos com menor teor alcoólico deve continuar crescendo nos próximos anos. As vinícolas estão investindo em pesquisa e desenvolvimento para criar produtos que atendam esta demanda sem comprometer a qualidade e a experiência sensorial.
Especialistas preveem um aumento significativo no portfólio de opções disponíveis no mercado, com grandes produtores tradicionais desenvolvendo linhas específicas para este público. Além disso, pequenas vinícolas especializadas começam a surgir com foco exclusivo neste nicho.
Prazer e consciência na taça
O movimento em direção a vinhos com menos álcool representa mais que uma tendência passageira – é um reflexo de mudanças mais profundas nos hábitos de consumo da sociedade moderna.
À medida que mais consumidores buscam opções que permitam desfrutar dos prazeres da vida com maior equilíbrio, este segmento deve continuar se expandindo e se sofisticando.
Para os amantes do vinho, é uma excelente notícia: mais opções para desfrutar desta bebida milenar de forma consciente e responsável, sem abrir mão do prazer e da qualidade que apenas um bom vinho pode proporcionar e a Wine Lovers pode contribuir nesta busca, afinal são mais de 400 vinhos disponíveis para a sua escolha!
Uma resposta para “A nova onda dos vinhos”