Vinho sem sulfito

A tendência na alimentação é comer e beber o mais natural possível, sem agrotóxicos e nem conservantes artificiais. A onda do vegetarianismo e do veganismo tornou-se mais presente na vida das pessoas. Isso aconteceu também no mundo do vinho, o verdadeiro winelover busca uma bebida pura, autêntica, cheia de personalidade e que expresse o terroir da maneira mais tradicional possível. Vinho sem sulfito ou biodinâmico ou orgânico são a resposta para essa demanda. 

O que é sulfito afinal?

O sulfito é um conservante amplamente utilizado na maioria das indústrias alimentícias, entre elas, a vitivinicultura, por possuir propriedades antibacterianas e antioxidantes. É o nome popular dado à substância química dióxido de enxofre ou anidrido sulforoso ou INS220 (SO2) que aparece naturalmente como subproduto da própria fermentação da uva, mas se não existem vinhos totalmente isentos dela, como alguns fabricantes podem afirmar que possuem um vinho sem sulfito?

Muitos enólogos consideram o SO2 essencial para dar qualidade e consistência aos vinhos, outros acreditam que podem fazer uma bebida sem adicionar mais sulfito ao produto final. Daí cunharam o termo vinho sem sulfito, mas levando em conta que essas vinícolas não utilizam o composto além da quantidade que já está presente no processo de produção da bebida.

Agricultores estão abandonando a prática de se fazer vinho mais industrial para voltar às origens, de quando o vinho era natural, hoje chamado de orgânico. Cada vez mais o modo artesanal está conquistando seu público em feiras, eventos e compras online. O vinho sem sulfito entra nessa categoria dos vinhos ‘naturebas’, feitos de maneira biodinâmica, sustentável e rústica. 

Vinificação natural é tendência no mercado dos vinhos

Como fazer um vinho natural?

O enólogo, profissional que cuida de todas as fases de produção do vinho, do solo até a venda do produto, verifica se as condições climáticas e atmosféricas estão favoráveis, se a Lua está na fase certa, e, claro, se a uva está madura para a colheita manual. No mesmo dia deve ser colhida independente do tipo de cepa.

O vinhedo tem uma vida biológica própria, um ecossistema equilibrado e possui áreas intactas, onde os bagos são recobertos de abundante pruína rica em leveduras naturais. O mosto – que é a mistura de todos os elementos presentes no cacho da uva – inicia naturalmente a fermentação, em seguida o enólogo pode vir a realizar o processo de queima de enxofre dentro dos tanques onde se desenvolve o gás sulfúrico que desinfeta o recipiente para poder receber o líquido.

O primeiro vinho que sai é chamado de sangria, sendo super puro e muito saboroso. Pode ser comparado ao azeite extra virgem de primeira prensagem a frio que podemos adquirir atualmente. Depois, segue o processo de fermentação, com um certo controle de temperatura para posterior trasfega – momento de transferência do vinho de um recipiente para outro – e clarificação – filtragem – ou não, pois no caso de vinhos mais naturais quanto mais resíduos melhor. 

Após permanecer nas adegas tempo suficiente para a sua estabilização, o vinho natural mantém todos os seus elementos: açúcares, ácidos, taninos, oxigênio, vitaminas, gases, o anidrido sulfuroso, etc. Se for para envelhecer é levado para outro local de armazenamento até atingir a sua maturidade tornando o produto ainda melhor com sabores e aromas mais acentuados.

Este método de cultivo mais natural pode ser comparado à técnica da agricultura biodinâmica que abordamos mais profundamente em outro artigo do blog: Como escolher um vinho orgânico sem ser um expert.

Vinhedo orgânico ajuda o terroir a se renovar

Sulfito faz mal à saúde?

Os sulfitos podem ser tóxicos se forem ingeridos em doses muito elevadas. A ingestão de quantidades acima de 0,7 miligramas por quilo diários pode provocar, entre outros sintomas, dores abdominais, dores de cabeça, diarreia, vômitos, náuseas, além de reações asmáticas graves para pessoas que possuem sensibilidade ao composto.  

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os vinhos tintos contém menos sulfitos do que os brancos, porque a concentração de taninos nos tintos é maior e acabam agindo como agentes conservantes, sendo necessário uma menor quantidade dessa substância para preservar a bebida do que os brancos, portanto. 

Se um vinho contiver menos de 10 miligramas de sulfitos por litro, é considerado um vinho sem sulfito e, portanto, não encontraremos qualquer vestígio no rótulo. De acordo com o regulamento da União Europeia sobre adição de sulfito para vinhos biológicos; os tintos devem conter até 100 mg/l, enquanto que os brancos até 150 mg/l.

Uma dica super útil é deixar o vinho aberto para oxigenar na taça durante cerca de uma hora, isto faz com que se libere até 40% do dióxido de enxofre! Tentar não custa nada, não é?

Vinho precisa oxigenar na taça para liberar seus aromas e parte do sulfito

Sugestão Wine Lovers

A Wine Lovers tem um rótulo de vinho sem sulfito para oferecer aos clientes que possuam a mente aberta e entendam a proposta da vinícola francesa.

O vinho Hèritage Rouge, da Château de Brigue, é feito com um blend das uvas egiodola, arinarnoa e merlot. As uvas são colhidas manualmente à noite para preservar o frescor, em seguida são direcionadas para a prensa por meio de um sistema de tubulação. As uvas selecionadas são oriundas da região da Provence, foram fermentadas no método “sur lie” – sobre as leveduras naturais em contato com a borra – o que dá mais complexidade, corpo e longevidade.

Este vinho não possui adição de sulfito, sendo considerado genuinamente natural. De cor vermelha escura com tons de roxo, apresenta aroma frutado de cerejas pretas. Na boca é potente, encorpado, com taninos redondos e aveludados. Pode ser harmonizado com carnes vermelhas, carnes de caça e queijos.

A vinícola Château de Brigue está localizada no coração da Provence, mais precisamente em Côtes de Provance, uma das principais regiões vinícolas do sul da França. Com um total de 85 hectares, a produção da Família Brun, entre eles, um dos filhos, Olivier Brun, vem de quatro parcelas diferentes nas áreas mais adequadas para a vitivinicultura que caracterizam a qualidade e complexidade dos vinhos desde 1779. 

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