Você sabe o que faz um enólogo? Ele é uma das pessoas mais importantes quando se trata do mundo do vinho. É o responsável pela elaboração do produto e está presente em todas as etapas de produção, desde o plantio da uva até a venda. Para ser um bom profissional é preciso entender de botânica, climatologia, processos de fermentação, tipos de uva, período de colheita, tempo de maturação, entre vários outros temas.
Como se tornar um enólogo?
Em geral, o curso para seguir carreira na área é o de Agronomia, que tem uma duração média de cinco anos. O aluno aprenderá tudo sobre agropecuária, uso do solo e controle de pragas.
Depois da formatura é importante buscar capacitações específicas na área de vinhos. Quem já quer entrar em uma Faculdade de Enologia terá um pouco mais de dificuldade, pois as opções são reduzidas. Aqui no Brasil, o curso é ofertado na Universidade Federal do Pampa, em Bagé (RS) e nos Institutos Federais do Rio Grande do Sul e de Pernambuco.
Em seguida, vamos conhecer mais sobre o enólogo Pedro Ribeiro que fez da sua profissão uma paixão pelos vinhos e está conseguindo grande sucesso graças ao seu trabalho e empenho em criar uma linha orgânica chamada Bojador e vinificar em talhas parte da sua produção.
Mas, isso só foi possível devido à trajetória de vida que está trilhando. Conheça um pouco mais sobre sua história pessoal e profissional.
Construindo uma carreira na Enologia
Nascido e criado no Porto, cidade costeira no noroeste de Portugal, conhecida pelas pontes imponentes e pela produção de vinho do Porto, Pedro Ribeiro iniciou a carreira de enólogo com o reconhecimento de um dos primeiros vinhos que produziu.
Aos 18 anos, foi para Vila Real estudar Enologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro — essa não foi desde sempre sua primeira opção de curso, mas acabou se revelando o caminho certo, porque desde muito tempo de sua vida pensou em seguir a carreira de Psiquiatria.
Pedro diz que rapidamente desistiu da ideia, pois seria necessário fazer Medicina e ter muitos anos de dedicação com médias muito altas. Confessa na época, que não era mau aluno, mas não se dedicava muito aos estudos.
Não sabe explicar por que se apaixonou pela agricultura, mas queria também fazer alguma coisa mais criativa. Então, o mais natural foi seguir pelo caminho da Enologia, pois o vinho possibilitava estar na agricultura e ser inventivo ao mesmo tempo. Fazia todo o sentido…
Ainda por cima, a sua família tinha uma indústria de rolhas, então o vinho sempre fez parte da sua vida de uma maneira ou de outra.
Experiências importantes
Seu caminho profissional começou com o Vinho do Porto, na Sandeman, Offley e Ferreira. Sua primeira safra foi na Quinta do Noval. Viajou até a Austrália em 2003, onde permaneceu na Hardys Tintara Winery até retornar a Portugal e seguir para a Herdade dos Grous em 2004, no Alentejo.
Pedro foi enólogo da Herdade dos Grous de 2004 a 2013, deixando a empresa para trabalhar na Herdade do Rocim, onde permanece até hoje.
Mas, foi em 2010 que seu projeto pessoal, Espaço Rural, com a linha de vinhos orgânicos Bojador, começou a se concretizar. E isso já faz 12 anos.
Além do Alentejo, ele produz na região do Douro, em Lisboa e no Vale da Mata. Possui ainda uma joint venture na DOC do Vinho Verde e nas regiões de Melgaço e Monção com a uva Alvarinho.
Preferências pessoais do enólogo
Trabalha atualmente com diversas castas e isso varia muito do local que está plantando. Ele destaca do Alentejo, a alicante bouschet, nos tintos; e a antão vaz, nos brancos. Do Douro, prefere a touriga franca, que produz vinhos muito interessantes.
Uma casta extraordinária e que ainda há muito para explorar é a Alvarinho, da região do Melgaço e Monção. Ele disse que fez uma primeira experiência de Alvarinho fermentado em ânfora e produziu um vinho muito diferente.
Pedro afirma que seu estilo de vinho tem variado ao longo dos anos. Há 20 anos adorava Priorat, mas nos dias de hoje é uma região que não lhe encanta tanto. Prefere um vinho de Borgonha ou do Vale do Loire, mesmo parecendo ser clichê.
A Alemanha tem produzido vinhos tintos que estão agradando bastante, na opinião de Pedro, apesar de não conseguir reproduzir esse estilo em Portugal. Gosta muito dos vinhos de talha e ânfora, por isso o mais lógico seria experimentar produzir na Geórgia.
Mesmo já estando no país do berço dos vinhos laranja, leia mais sobre esse estilo de vinificação aqui, confessa achar que não se adaptaria muito bem.
Quer nos próximos anos se aventurar por países ou regiões que habitualmente não são produtoras de vinhos como a Armênia ou até experimentar elaborar um vinho na Borgonha ou no Vale do Loire.
Sinônimo de qualidade para um enólogo
Um vinho de qualidade há 10 ou 15 anos era muito diferente do que consideramos hoje, segundo Pedro. Pois, os tintos deveriam ser mais concentrados, possuir mais estrutura, mais passagem em barris de carvalho novos, mais fruta, enfim tudo isso significava muito.
Atualmente, o mercado de vinho não demanda essas características, e sim vinhos que demonstrem mais a pureza da fruta e o caráter do terroir que lhe deu origem. Acredito que o consumidor valoriza mais o vinho com personalidade, singularidade e autenticidade.
Para ele, os clientes procuram experimentar as castas do país, autóctones, que estavam praticamente extintas, por exemplo em Portugal: mureto e tinta grossa, no caso dos tintos; e rabo de ovelha e mantiolo, no caso dos brancos.
Uvas que algumas pessoas nunca ouviram falar, mas são castas originais do Alentejo, que não produzem vinhos com muita concentração, cor e fruta, mas são vinhos com um caráter muito peculiar.
Se provar um dos vinhos de talha ou de ânfora, eles têm uma cor muito mais aberta do que se considera um tinto convencional do Alentejo, com apenas 12,5º de álcool – o que para o Alentejo é notável. São poucos, mas são feitos com essas uvas do Alentejo.
Todos as outras, que apareceram e se adaptaram muito bem, como aragonês, syrah ou cabernet, são muito mais recentes, têm cerca de 20 ou 30 anos, e produzem bons vinhos. Mas, não são da região, explica Pedro.
Recomendações Wine Lovers
A Wine Lovers possui em seu portfólio a linha do Bojador com vinhos orgânicos presentes em diversos restaurantes, empórios e winebars. Você também pode adquirir e experimentar esses vinhos sensacionais em apenas um clique!
Branco – 50% antão vaz, 30% arinto e 20% alvarinho.
Rosé – touriga nacional e aragonês.
Tinto – 50% aragonês, 30% touriga nacional e 20% trincadeira.
Tinto Reserva – alicante bouschet, touriga nacional e aragonês.
Fonte: Blog Viva o Vinho