O Auto da Barca do Inferno é uma peça de teatro dramática de Gil Vicente, representada em 1517. É a primeira parte da chamada trilogia das Barcas que se completam com o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória. O mais curioso é que essa obra da literatura inspira os nomes dos vinhos da Garrocha, alguns deles claro, que é a marca criada pela Família Macieira de Portugal, onde se localiza a Quinta do Garrido, em Lisboa, mais precisamente em Alenquer-Santana da Carnota.
Do “Auto da Barca do Inferno”
Parvo — Hou da barca!
Anjo — Que me queres?
Parvo — Queres-me passar além?
Anjo — Quem és tu?
Parvo — Samica alguém.
Anjo — Tu passarás, se quiseres; porque em todos teus fazeres per malícia nom erraste. Tua simpleza t’abaste para gozar dos prazeres. Espera entanto per i: veremos se vem alguém, merecedor de tal bem, que deva de entrar aqui.
… A grande vantagem de ser o parvo é gozar a vida! E em altura de sacrifícios, como parvo que sou… Posso fazer parvoíces, mas das boas!
Gil Vicente
Esse trecho descreve um dos poucos personagens que consegue entrar na Barca da Glória e ir para o céu, pois representa “o louco”, afinal os demais terão que enfrentar o julgamento de seus atos e pensamentos.
Moral da história
A obra proporciona uma amostra do que era a sociedade lisboeta das primeiras décadas do século XVI, embora alguns dos assuntos abordados pelo autor sejam muito semelhantes até os dias de hoje.
Diz-se “Barca do Inferno”, porque quase todos os candidatos às duas barcas em cena – a do Inferno, com o Diabo, e a da Glória, com o Anjo – seguem na primeira. De fato, contudo, a peça teatral é muito mais sobre o julgamento das almas.
As personagens desta obra estão divididas em dois grupos: as alegóricas e as simbólicas que retratam os tipos de cada habitante.
No primeiro grupo inserem-se o Anjo e o Diabo, representando respectivamente o Bem e o Mal, o Céu e o Inferno. Ao longo de toda a obra estas personagens são como que os juízes, apresentando os pecados e a vida terrena de cada um.
No segundo grupo estão todos os personagens restantes do auto cada qual representando uma classe social ou uma determinada profissão ou mesmo uma crença.
Quinta do Garrido
Como foi dito antes, Garrocha é a marca de vinhos da Família Macieira, criada à volta da vinha e do vinho, que se dedica à produção de vinhos unicamente das uvas dos seus três terroirs e Quintas: Garrido, Gaia e Sans Souci.
A Quinta do Garrido é o local da sede da empresa, Sociedade Agrícola Quinta do Garrido Lda., e onde se encontra a adega, com tanques de aço inox e barris de carvalho.
Nesta Quinta possuem inúmeras parcelas e talhões com as mais variadas castas. São cultivadas vinhas com mais de 40 anos de idade, de baixa altitude (225 metros acima do nível do mar). O solo é de origem calcária de textura franco-argilosa.
Nas brancas, Fernão Pires e Arinto. Os vinhos originados a partir destas uvas caracterizam-se essencialmente por ótimas notas aromáticas florais e excelente frescor, respectivamente.
Nas tintas, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Castelão, Syrah, Tempranillo, Tinta Roriz, Cabernet Sauvignon, Caladoc, Alicante Bouschet e Vinhão. Os vinhos elaborados a partir destas castas possuem características com grande estrutura, com aromas florais e de frutas silvestres.
O objetivo principal é oferecer vinhos com um caráter próprio que só poderiam ser produzidos pela experimentação de técnicas de gerações anteriores aliadas às práticas únicas de vitivinicultura e enologia.
Principais uvas
Acompanhando a criatividade deste produtor português, que a própria literatura inspira os nomes dos vinhos, o mesmo acontece com o nome das uvas autóctones do país: rabo de ovelha, cachorro vermelho, rabo de gato, esgana cão e roupeiro.
Isso porque o país desenvolveu a sua viticultura de modo isolado dos demais, possui diversas cepas nativas, entre elas, loureiro, encruzado, antão vaz e arinto (brancas) e; touriga nacional, tinto cão, trincadeira, castelão, tinta miúda, touriga franca e baga (tintas).
A produção de vinhos português é feita quase que exclusivamente de monovarietais e blends com essas uvas únicas, pois as variedades estrangeiras não são tão cultivadas no país.
Só para numerar, existem em Portugal mais de 300 tipos de uvas diferentes dentro das 5 IPRs (Indicação de Proveniência Regulamentada), 8 vinhos regionais e 28 DOCs (Denominação de Origem Controlada).
Quase todo o território do país dedica-se aos vinhedos que se estende por somente 200 km de leste a oeste no ponto mais largo e aproximadamente 600 km de norte a sul, sem incluir a Ilha da Madeira.
Como curiosidade, os portugueses costumam consumir em um ano 52 litros per capta, mais do que os italianos e franceses que chegam a consumir no mesmo período 46 litros per capta igualmente.
Somente até agosto de 2021, foram exportados mais de 580 milhões de euros em vinhos, considerado, portanto, o maior resultado em 20 anos.
Recomendações Wine Lovers
A Wine Lovers pretende também que o nosso portfólio faça o mesmo que a literatura que inspira os nomes dos vinhos, traga momentos incríveis durante as suas degustações.
Barca do Inferno é um vinho tinto elaborado com 50% Sousão e 50% Cabernet Sauvignon. É um blend com aroma vibrante, mas muito elegante com notas de frutas vermelhas e especiarias. Maturação em barricas de carvalho e tanques de concreto. Um vinho saboroso e aveludado que termina intenso e persistente. Harmoniza com carnes vermelhas, churrasco e carnes maturadas. Recebeu 17+/20 pontos por Jancis Robinson, pela safra 2016.
Barca do Inferno Branco Reserva é um vinho branco feito com a mesma uva oriunda de diferentes solos, 50% Arinto (solo calcário) e 50% Arinto (solo vulcânico). Com aroma intenso de fruta branca com toque mineral. Contudo, mesmo sendo um vinho branco, tem passagem em barricas de carvalho. Corpo magnífico com final muito prolongado. Ótimo com peixes grelhados ou assados, bacalhau e queijos fortes.
Mar do Inferno é um vinho branco com 100% Arinto. Vinho com aroma de fruta branca com toque salino. Maceração pelicular por 12 horas. Fermentação em tanques de aço inox. Em seguida, o mosto é colocado em cubas de betão onde é realizado a batonnage por um mês até o engarrafamento. Corpo surpreendente com final prolongado. Ideal com peixes, frutos do mar, mariscos e pratos condimentados.
Parabéns pelo conteúdo de excelente qualidade, objetivo e inteligente. Gostaria de saber se estas vinhos estão a venda no Brasil. Obrigado
Olá, Felipe. Obrigada pelos elogios. Estamos sempre buscando informações novas para nossos leitores. Sim, os vinhos estão à venda na nossa loja virtual. Se quiser, os selecionados no artigo basta clicar em cima do nome do vinho que abrirá a página do e-commerce da Wine Lovers. Boas compras!