No oitavo artigo da websérie vamos abordar a palavra mais importante do nosso glossário do vinho, o significado de vinho propriamente. Vinho é o puro reflexo de seu terroir, pois nenhuma outra invenção é capaz de combinar tão bem suas origens históricas, geográficas e culturais. Não existe, portanto, dois vinhos iguais porque cada safra é capaz de culminar resultados distintos a depender dos processos climáticos e humanos.
VINHO
Segundo o dicionário Michaelis, vinho é uma bebida alcoólica, apreciada mundialmente, que se obtém pelo processo de fermentação total ou parcial do mosto de uvas frescas; é qualquer bebida produzida a partir da fermentação do sumo de outras frutas ou plantas.
Algumas apresentam propriedade medicinais; licor de vegetais resultante desse mesmo processo; a cor mais próxima do vinho tinto; copo, garrafa ou cálice de vinho; no sentido figurado é o estado de embriaguez; e como adjetivo é o que tem a cor ou aproximadamente a cor do vinho.
Além dessas definições, existem mais sessenta expressões que são utilizadas com a palavra vinho, que tem sua etimologia do Latim: vinum. Aliás, um provérbio muito conhecido é In vino veritas que significa: No vinho está a verdade. Pois, o vinho tira a inibição, revelando a verdade reprimida quando a pessoa está sóbria.
O nascimento do vinho
O vinho é o produto resultante da fermentação alcoólica natural do suco de uvas, ou seja, precisamente do esmagamento da fruta.
Este fenômeno ocorre de forma espontânea na natureza quando uvas maduras têm suas cascas rompidas, possibilitando que haja um ataque de leveduras nativas que são responsáveis pela transformação do açúcar da uva em álcool.
Não se pode afirmar exatamente quando e onde foi feito o primeiro vinho, mas é possível supor que o homem primitivo tenha entrado em contato com esse produto resultante da fermentação natural da uva de forma casual.
Diferentes pesquisas arqueológicas apontam que uma das mais antigas videiras parece ter origem na região ao sul do Mar Negro e sudoeste da cadeia dos Cáucasos.
Essa área corresponde aos territórios atuais da Turquia, Armênia e da Geórgia, onde foram encontrados os mais remotos vestígios conhecidos de arbustos que produziram uvas. Mais importante é o fato que, em sítios arqueológicos da área, estudiosos dessas civilizações encontraram sementes de uvas cultivadas datadas de 7000 AC.
A expansão do vinho
Os fenícios, excelentes navegadores, foram um dos povos que também contribuíram para a difusão do cultivo da uva e da produção do vinho em suas colônias mediterrâneas, principalmente na região do sul onde hoje estão a França e Itália.
Durante o império egípcio também foi um período onde se cultivou a uva e se produziu vinho. O que pode ser comprovado, inclusive em pinturas alusivas do consumo da bebida nos túmulos dos faraós.
Império Greco-romano
Posteriormente, a bebida foi levada à Grécia. O uso do vinho nas várias cidades gregas enraizou-se de forma sólida naquela sociedade, tanto como produto alimentício como para uso ritual e religioso, no culto a Dionísio – Deus Baco para os romanos.
O vinho ainda era usado como medicamento, sendo citado por Dioskurides, o pai da farmacologia, e por Hipócrates, o pai da medicina. Da mesma forma, aparece frequentemente na literatura grega, bem como, em sua dramaturgia.
O sul da Itália e a Sicília integraram a chamada Magna Grécia, conhecida então como Enotria, a “terra das vinhas treliçadas”, referência, em grego, à abundância e forma de condução das videiras locais.
A forte presença grega na região influenciou de forma definitiva os padrões culturais da civilização que se iniciava um pouco mais ao norte. Pode-se dizer que essa influência atingiu a civilização romana, que difundiu o cultivo das uvas e o consumo do vinho por boa parte da Europa e Oriente Médio.
Pouco se tem registro sobre a produção do vinho no período da queda do império romano do ocidente por volta de 476 DC, mas sabe-se que foi mantida pelos inúmeros novos senhores de terras e, principalmente, pelos bispados.
Comercialização do vinho
Um dos fatores decisivos na manutenção da tradição vitivínicola foi o desenvolvimento, a partir do século XI, da cultura dos monastérios e conventos decorrente do surgimento das grandes ordens monásticas. Inúmeros são os vinhedos famosos que pertenceram aos mosteiros beneditinos.
O período que se seguiu foi de relativa estagnação. Um dos grandes problemas do comércio de vinhos era a fragilidade do produto. Os vinhos antigos eram extremamente perecíveis, o que, com raras exceções, impedia a exportação.
O consumo era totalmente local. A maior concentração alcoólica, característica de vinhos de clima quente, aumentava a durabilidade, tornando-os mais procurados pelas regiões importadoras.
Com o uso cada vez mais difundido da garrafa de vidro e da rolha de cortiça porque antes os vinhos eram acondicionados em barris de madeira ou recipientes de barro, fato que estragava muito a bebida, em meados do século XVII, muitos vinhos de qualidade, antes consumidos apenas pelos moradores da área de produção, passaram a ser comercializados por toda Europa.
Com isso, o mercado vinícola passou a ter cada vez maior importância financeira para os países produtores. Essa situação perdurou até a segunda metade do século XIX.
A grande praga
Por volta de 1858, grande parte do vinhedo europeu foi devastada por uma praga agrícola denominada Phylloxera vastatrix. Essa praga vinda do leste dos Estados Unidos com as videiras americanas trazidas pelos europeus atacou e destruiu quase todos os vinhedos do mundo, exceto do Chile e de alguns pontos isolados.
Descobriu-se que o emprego de técnicas de enxertia, ou seja, técnica que consiste em inserir cepas viníferas nobres em troncos chamados de “cavalos” sobre porta-enxertos de origem americana, imunes à infestação, podia representar a salvação de quase 8000 anos de tradição no cultivo da vinha. Todo o vinhedo europeu foi replantado com as plantas originais enxertadas sobre “cavalos” americanos.
No final do século XIX foi marcante a implantação definitiva de vinhedos de qualidade no chamado Novo Mundo (Califórnia – EUA, África do Sul, Austrália e Chile) que aumentou significativamente as áreas plantadas com videiras nobres de origem europeia.
E o vinho passou por mais um período de expansão de seu mercado. A Wine Lovers possui em seu portfólio vinhos de diversos países do mundo: Argentina, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Portugal, Romênia e Uruguai.
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