Uma das cepas autóctones, ou seja, nativas, italianas é a sangiovese. É a uva tinta mais cultivada do país que pode produzir vinhos de qualidade e nível mundial, possui médio corpo, acidez viva, com taninos suaves e apresenta sabores variados de cereja, ameixa, ervas secas até couro e baunilha. Existem na Itália mais de 100 mil hectares desta tradicional uva na região da Toscana. As principais denominações de origem controlada são Chianti Classico, Brunello di Montalcino e Rosso di Montalcino.
O Terroir da Toscana
A Toscana está dividida em duas grandes áreas: as Colinas Centrais das províncias de Florença e Siena, que tem relação com o vinho Chianti, se quiser saber mais, clique no artigo “A incrível lenda do vinho Chianti”, e a zona da costa do Mar Tirreno, que não abordaremos aqui, por se tratar de um local específico dos vinhos de Maremma, Pisa, Bolgheri e Lucca.
A topografia do terroir possui 1/5 de montanhas e 2/5 de colinas, portanto os produtores fazem uma vinicultura de altitude. Os vinhedos mais altos compartilham espaço com oliveiras e bosques. O solo é tipicamente arenoso-calcário, variando em alguns locais para argila e minerais com pedras.
Outras parcelas mais continentais contêm argila comprimida, o galestro e rocha calcária ocre, a alberese. São as composições de solo preferidas dos vitivinicultores, pois trazem muitos elementos importantes para permitir uma alta complexidade aromática nas uvas, resultando em um vinho elegante, com toques de mineralidade.
Colinas Centrais
As Colinas Centrais formam o distrito de maior prestígio na Toscana devido às clássicas DOCGs obtidas com vinhos produzidos com a uva sangiovese: Chianti, Carmignano, Nobile di Montepulciano, Rosso di Montepulciano, Morellino di Scansano, Sagrantino di Montefalco, Brunello di Montalcino e Rosso di Montalcino.
O local foi considerado como o berço do ressurgimento do vinho durante os anos de 1980, quando algumas vinícolas mais inovadoras começaram a estabelecer as regras para todo o país.
O vinho foi evoluindo ao longo dos anos e atualmente perdeu seu caráter mineral seco e pálido do passado para um estilo mais frutado, redondo e de cor intensa. Possui aromas de frutas e especiarias, um sabor mais marcante e maior potencial de envelhecimento.
Uva Sangiovese
É predominante no local e as denominações de origem estabelecem o que precisa ser seguido pelos produtores, por exemplo, a uva e sua porcentagem mínima, o tempo de amadurecimento, etc. Portanto, esses rótulos italianos não apresentam o seu nome.
É um vinho que possui três características principais: versatilidade, porque combina bem com diversos tipos de comida; elegância, pois os taninos estão presentes na medida certa e; complexidade aromática, que vai aparecendo conforme o período de envelhecimento.
Degustação
Pode ter uma coloração rubi de média intensidade, ao amadurecer os tons se tornam alaranjados e acastanhados. Não são muito viscosos, com um teor alcoólico até 13,5o C. São vinhos muito gastronômicos e com muito frescor.
Tem uma boa estrutura e pode ser um coringa na sua adega. Por ser uma uva cultivada em um clima com estações bem pronunciadas, é possível notar na vinificação tradicional em barricas de carvalho, aromas de frutas silvestres, flores, vegetação rasteira, ervas secas, especiarias, minerais, couro e tabaco.
Os sabores são leves, taninos macios, acidez presente, final longo e fica bem harmonizado com massas, risoto de funghi secchi, lagosta, pizza, carnes grelhadas e queijos encorpados.
Esses vinhos precisam respirar um pouco, por isso é necessário abrir a garrafa e deixar na taça por cerca de 20 minutos ou aconselha-se usar um decantador.
Recomendações Wine Lovers
A Wine Lovers tem em seu portfólio alguns exemplares de Rosso di Montalcino para você experimentar com excelente custo-benefício:
Da vinícola Castelli Martinozzi, o Martinozzi Rosso di Montalcino DOC, com 100% sangiovese, plantada em vinhas de média altitude entre 300 e 480 m acima do nível do mar. Fermentação natural com temperatura controlada entre 24 e 26o C. Maceração em tanques de aço inox por cerca de 20 dias com mistura diária. Envelhecimento por 10 meses em barris de carvalho. Estágio em garrafa por 2 meses, no mínimo. Cor vermelha rubi. Bouquet complexo, intenso e elegante, com notas de vegetação rasteira e predominância de violeta e almíscar. O paladar é forte, quente, seco, mas não muito, agradavelmente tânico, vivo, harmonioso e persistente. Perfeito com carnes de caça vermelhas, assadas ou grelhadas, primeiro prato bem temperado, queijos de sabor forte como pecorino e parmesão.
Da vinícola La Torre, o La Torre Rosso di Montalcino DOC, com 100% sangiovese grosso, plantada em vinhas com mais de 25 anos, de média altitude, cerca de 420 m acima do nível do mar, com insolação em qualquer época do ano, por estar em uma zona de colina elevada e arejada a sudoeste do DOC de Montalcino. Maceração por 20 dias com leveduras indígenas. Amadurecimento por 12 meses em barris de carvalho francês e apenas 15% do total fica o mesmo período em barricas. Refinamento por 2 meses em garrafa. Cor vermelho rubi. Aroma frutado, com notas de cerejas pretas e tabaco. Vinho encorpado, com estrutura robusta, seco e harmonioso. Na boca é persistente, agradável e tânico. Ideal com carnes vermelhas, massas com molho bolonhesa, cozinha cotidiana com pratos sem muitos temperos.
Da vinícola Cantine Guidi, o Guidi Rosso di Montalcino DOCG, com 100% sangiovese, plantada em vinhas de média altitude a 300 m acima do nível do mar, no lado sudeste da área de Montalcino. Fermentação com as cascas a 28° C, seguida de fermentação malolática em cubas de aço inox. Envelhecimento durante 12 meses em barris de carvalho esloveno e descanso por 3 meses em garrafa. Cor vermelho rubi intensa com reflexos violetas. No nariz, tem média estrutura, aromas floral e de frutas vermelhas, notas herbáceas. Faz parte da marca “Collezione Famiglia Guidi” que distingue garrafas especiais de grande personalidade. Harmonização: massas com molho vermelho, carnes de caça, vitela, cogumelos e trufas.