Vamos fazer uma agradável viagem sem sair do lugar! Quero que imagine como seria chegar agora na Itália! Isso mesmo, no país da “bota”, mas não vamos para a capital, Roma, sede do governo. Iremos para o noroeste da nação dos vinhos tintos por excelência, especificamente para a região das uvas clássicas de Piemonte, onde estão localizados muitos vinhedos destas nobres cepas que originam os vinhos mais famosos: Barolo, Barbera, Barbaresco e Langue.
Do alto da montanha
Continuando o nosso passeio, estamos cercados por montanhas. O clima é ameno e a variação de temperatura ao longo do dia é significativa. No começo do dia existe muita névoa que se dissipa com o calor do sol e os ventos continentais que sopram os cabelos com o passar das horas. Isso traz como consequência vinhos equilibrados em acidez e complexos no sabor.
Podemos observar os vinhedos espalhados ao longo das colinas e montanhas, alguns ficam nos sopés dos Alpes sobre o vasto vale do rio Pó. O solo é de marga calcária, argila, areia, cascalho, pedra calcária e plácer glacial. Essa composição é singular, pois não existe em outro local e oferece aos vinhos uma qualidade excepcional.
Primeira parada
Depois dessa caminhada, nada mais óbvio do que descansar um pouco, fazendo como os italianos dizem, um l’abbinamento, ou seja, uma combinação de comida e vinho. Essa palavra explica exclusivamente como harmonizar essas duas delícias. Afinal, a gastronomia italiana é perfeita para se unir com os grandes rótulos produzidos na região, não concorda?
A acidez viva e os taninos firmes tornam os vinhos italianos ideais para degustar com carnes, risotos, massas de molhos cremosos e salames. Deve ser por isso o sucesso dessa mistura de sabores. Macarrão e vinho, pizza e vinho, risoto e vinho, hum! Que fome…
O trio piemontês
Por todo o lugar podemos notar os vinhedos repletos das uvas clássicas de Piemonte, as nativas nebbiolo, barbera e dolcetto. A primeira faz os lendários e muito estruturados vinhos Barolo e Barbaresco, com aromas de violeta, rosa, frutas silvestres, especiarias e conforme amadurece trufas. Possui uma alta acidez, com sabor de frutas doces e presença de taninos potentes.
A segunda é uma das mais cultivadas em Piemonte. Gera vinhos de médio corpo como Barbera D’Alba e Barbera D’Asti, aromas de frutas doces e sabores de frutas vermelhas silvestres, condimentos e madeira defumada. Possui taninos mais leves.
A última é mais “docinha”, portanto, mais palatável. É utilizada para elaborar os vinhos Dolcetto D’Alba e Dolcetto di Dogliani. Possui uma cor viva e profunda. Tem sabor de cereja, frutas vermelhas e amêndoa. Ideal para consumo jovem, mas existem produtores que fazem vinhos de guarda para envelhecer. São deliciosos, vibrantes e mais acessíveis.
Melhores do mundo
Piemonte possui as Denominações de Origem Controlada (DOCs) de Barolo e Barbaresco, que representam alguns dos melhores vinhos da Itália, e, porque não dizer do mundo. Afinal, a reputação da região está intimamente ligada à uva nebbiolo.
Agora podemos ver e sentir o aroma dos vinhedos que cobrem toda a paisagem que faz parte de cinco áreas principais: Asti, Alba, Langhe, e as DOCs do norte e leste, respectivamente Vale D’Aosta e Gavi.
Vamos percorrer o terroir do Langue, local que produz os melhores, mais equilibrados e longevos vinhos tintos do norte da Itália. Percebemos os morros íngremes e estreitos ao redor, só limitado pelos rios Tanaro ao norte e Bormida a leste.
Langue
No topo dos morros de Langhe existe uma pedra calcária, o arenito está presente ao descer a encosta e os vales contêm argila. Esses três tipos de solos são os ideais para o plantio bem-sucedido das três uvas clássicas de Piemonte, que vimos anteriormente.
A brisa marítima mais fria arrepia os nossos pelos, mas ela é responsável pela estabilidade da acidez que poderia ser prejudicada pelo verão quente e úmido. Se chover, vamos presenciar momentos críticos durante a colheita porque à noite pode ter granizo e destruir a plantação.
A uva nebbiolo amadurece lentamente, apresentando grande qualidade. Podemos avistar grandes vinhedos no cume das escarpadas montanhas voltadas para o sul e leste que será a precursora dos grandes vinhos de Denominações de Origem Controlada e Protegida (DOCP) de Barolo e Barbaresco.
A uva barbera é vista em plantações mais ao meio da montanha, a média altura. A uva dolcetto está plantada em colinas ao norte e oeste com a presença de solos aluviais mais densos nos vales.
Segunda parada
Nossa viagem está quase chegando ao fim. Mas, ainda temos tempo de conhecer Alba. Os seus vinhedos estendem-se por várias comunas, que significa município. Podemos encontrar as Denominações de Origem Controlada (DOCs) de Dolcetto D’Alba, Barbera D’Alba e Nebbiolo D’Alba que geram outros vinhos excepcionais de produtores apaixonados por todo o processo vitivinicultor.
Mais uma vez as uvas clássicas de Piemonte aparecem com destaque e fazem a nossa experiência ser ainda mais proveitosa, pois cada vinho que abrimos conta uma história diferente. Além disso, passamos pelo vinhedo de uma das melhores cepas italianas brancas, a arneis. Uva encorpada de estilo seco e perfumada, com sabores de melão, pêra, amêndoa e ervas secas. Essas DOCs chamam-se Roero Arneis e Langhe.
Cada produtor, vinhedo, uva, safra, cada momento é único e só percebemos isso quando degustamos um vinho do local, com a mesma uva, mas elaborado em ano distinto. Qualquer detalhe faz diferença na agricultura orgânica. Pode ser a plantação, colheita, vinificação, amadurecimento, envelhecimento ou estágio em garrafa até chegar às nossas mãos.
Quando percebemos já é noite em Piemonte e voltaremos para casa com a sensação de ter conhecido um pouco deste maravilhoso lugar. A sugestão é levar um exemplar magnífico desta incrível aventura.
Recordação de Piemonte
A Wine Lovers facilitou para todos essa tarefa e podemos adquirir uma dessas lembranças num clique. Conheça a seleção que preparamos para você nunca se esquecer desta viagem literária.
- Cordero di Montezemolo: Barolo DOCG, Barbera D’Alba DOC, Langhe Nebbiolo DOC, Barolo Gattera DOCG e Langhe Arneis DOC.
Vamos dar destaque ao vinho Barolo Gattera DOCG, que possui uma história curiosa:
Da coleção de Viti Vecchie. A expressão mais profunda da vinha com mais anos de vida. A extensão da vinha Gattera (MGA oficial) é superior a 11 hectares. Constitui a principal parcela do Barolo Monfaletto. No vinhedo, porém, encontram-se múltiplas situações desde a época do plantio, exposição, altitude, morfologia do solo, clones parietais e o microclima da colina. Esse entrelaçamento de elementos que permitiu a divisão do local em 8 seções colhidas e vinificadas separadamente para tirar o melhor proveito de cada uma delas.
Em duas delas pode-se encontrar algumas plantas, com idade muito avançada, mais de 50 anos que, pelas características mencionadas são capazes de oferecer vinhos com mais profundidade, concentração e caráter. Assim, a partir da colheita manual dos cachos segue-se a vinificação em uma única cuba de fermentação que ao final do processo de produção é engarrafada com o nome oficial da menção geográfica que possui: Gattera.
Um Barolo, 100% nebbiolo, com nuances escuras, com uma concentração de polpa e tanino mais marcado do que os demais vinhos da vinícola, mas, ao mesmo tempo, com uma delicadeza de aromas e elegância, desde sua abertura, não importando a sua idade.
Cor granada brilhante, moderadamente concentrado e profundo. Aromas de cereja marraschino, alcaçuz, folha de tabaco, cacau em grão, rosa, violeta e polpa saborosa de frutas. Sabor cheio e envolvente com grande quantidade de taninos, fino, mas persistente. Ideal com grelhados de carne de caça, vermelha, queijos variados e brigadeiro.
- Parusso: Barolo DOCG, Langhe Nebbiolo DOC e Dolcetto D’Alba DOC.
- Marchisio: Roero Arneis DOCG/DOP.
- Azienda Agricola Cozzo Mario: Poderi Corte di Manzi Barolo DOCG e Poderi Corte di Manzi Barbaresco DOCG.