Você sabe o que a expressão Velho Mundo significa?

Sempre quando se fala sobre vinho nos deparamos com a expressão Velho Mundo e Novo Mundo. Esses vinhos são produzidos na Europa, portanto no velho mundo e àqueles são feitos na América, representando o novo mundo. Mas, será que é só isso mesmo?

O descobrimento

O vinho nasceu na Geórgia, no Cáucaso, entre os anos de 7.000 e 5.000 a. C, próximo ao Mar Negro. Na época da Pré-História, arqueologistas acharam vestígios da fermentação de uvas esquecidas em recipientes que lembram ânforas ou talhas de argila.

Depois do estabelecimento dos primeiros nômades na região, começaram o cultivo de videiras para a produção de vinhos com a intenção de fazer uma espécie de bebida. O povo que fez esse registro de produção e consumo de vinhos foi o egípcio nos anos de 3.000 a 1000 a. C.

Outros povos da antiguidade como os babilônios, gregos, persas e romanos também fizeram registros e foi possível saber que os grãos de cevada, mel e as uvas eram os ingredientes básicos para a fermentação do vinho nos primórdios.

No entanto, os gregos e romanos dominaram a técnica de plantio e cultivo de uvas como o principal componente para se produzir vinhos.

 Talhas de argila para vinificação encontradas na Geórgia
Talhas de argila para vinificação encontradas na Geórgia

Expansão do mercado

Com o passar do tempo, a região tornou-se o coração da viticultura, principalmente as clássicas da Espanha, França e Itália que concentram a tradição sobre todas as etapas do método de plantio, da poda, da colheita, da manutenção das videiras até a vinificação.

No final do século XX, o mundo possuía mais de 8 milhões de hectares de vinhas e produzia aproximadamente 300 milhões de hectolitros de vinho, sendo que cada hectolitro equivale a 100 litros da bebida. Atualmente, a produção é praticamente a mesma.

O vinho é produzido em todo o mundo com concentração de vinhedos entre os paralelos 32° e 51° do hemisfério Norte e 28° e 42° do hemisfério Sul. Um dos melhores locais para o cultivo da uva é a Europa Mediterrânea porque possui 240 horas de incidência de Sol por mês e temperatura média de 17° C durante o período de plantio, com chuvas anuais de 600 mm e frio seco no inverno, o que permite a hibernação das videiras nesta estação.

Nessas regiões do considerado Velho Mundo, as características do terroir são muito importantes. Afinal, o vinho é o puro reflexo do seu terroir, que é composto de clima, solo, castas e trabalho agrícola. Permitindo que a composição do vinho tenha um equilíbrio perfeito de acidez, açúcar, sabores e taninos.

Com a busca de novos terroirs, os viticultores chegaram aos países das Américas, África do Sul e Oceania. Nasciam assim, os vinhos do Novo Mundo. A divisão do Velho e do Novo era nítida, pois os vinhos do primeiro apresentavam aromas delicados, sutis e complexos com sabores elegantes e cheios de nuances. E os irmãos mais novos eram saborosos e intensos no paladar e frutados, sensuais e maduros no aroma.

Hoje, é muito difícil perceber as diferenças porque as técnicas de cultivo e produção estão cada dia mais aprimoradas fazendo com que os vinhos do velho mundo consigam ter sabores tão sensuais e maduros quanto os produzidos no novo mundo. E vice-versa, afinal os vinhos do hemisfério sul possuem uma vinicultura que trabalha em busca da excelência para manter as características de castas de climas mais frios, com sabores delicados e sutis.

Países do Mediterrâneo como Espanha, França e Itália são tradicionais no mundo do vinho
Países do Mediterrâneo como Espanha, França e Itália são tradicionais no mundo do vinho

Alta qualidade

Segundo o Instituto Euromonitor internacional, as principais tendências atualmente no mercado vitivinicultor são os vinhos orgânicos e biodinâmicos, produtores artesanais e conceito de terroir, vinhos leves e descontraídos.

Sendo que as principais barreiras são a geopolítica (tributação de cada país), a macroeconomia (crise econômica global) e a cultura (religião). Para a entidade o desafio desse novo milênio está mais relacionado com a questão cultural da população jovem preferindo bebidas destiladas ao vinho. Mas, com o surgimento das vinícolas boutiques que criam garrafas em pequena escala, muitas vezes com apenas um vinhedo selecionado com poucas castas e produtores familiares com a preocupação de produzir vinhos de qualidade baseados no seu terroir principalmente, é possível o retorno deste público tão importante.

O Velho Mundo tem muito que ensinar para os produtores do Novo Mundo. Assim, como a recíproca é verdadeira. No entanto, a experiência impacta de maneira positiva a relação do homem com a natureza. Assim, a expressão vinho de terroir, a agricultura orgânica, a plantação com vinhedos mais velhos, a colheita manual com a seleção rigorosa dos frutos, o respeito ao processo e tempo de maturação do vinho, e sem dúvida o respeito ao legado pessoal podem contribuir imensamente com a qualidade e o cuidado encontrado dentro de cada garrafa.

Vinhedos de produção orgânica e biodinâmica são as tendências do mercado no novo e no velho mundo
Vinhedos de produção orgânica e biodinâmica são as tendências do mercado no novo e no velho mundo

Sugestões da Wine Lovers

Os vinhos que a Wine Lovers, recomenda são exemplares únicos, feitos com dedicação e amor por pessoas que vivem da arte de produzir vinhos que contam história de gerações ou de pessoas apaixonadas por uma das bebidas mais antigas do mundo.

Da Espanha, o Castillo de Jumilla Orgânico, possui 100% Monastrell, de cor cereja. No nariz apresenta um buquê de frutos vermelhos e pretos maduros. É um vinho muito intenso e complexo. Na boca é equilibrado, possui taninos doces e frutados com sabor persistente. Ideal com saladas, legumes, macarrão, carne vermelha, carne branca e queijos.

De Portugal, o Arcossó Padrão dos Povos, com 40% tinta Roriz, 40% tinta Amarela e 20% Touriga Franca, de cor rubi. No nariz possui aromas de frutas vermelhas e notas herbáceas. Na boca apresenta corpo médio, com bom frescor e taninos macios. Acompanha carnes vermelhas, carnes assadas e carnes grelhadas.

Da Itália, o Foffani Pinot Grigio Superiore, com 100% Pinot Grigio, de cor amarela com reflexos de palha e cobre. Aromas cítricos, flores de acácia, figos e feno, combinado com perfumes secundários de maçã madura e crosta de pão. Sabores harmônicos, sofisticados e corpo com estrutura média. Combina muito bem com entradas, pratos leves, queijos, carnes brancas e peixes.

Da França, o vinho Château de Brigue Hèritage, natural sem sulfito, com as castas egiodola, arinarnoa e merlot, de cor vermelho escuro com tons de roxo. Aromas de cerejas pretas, muito frutado. Sabores potentes, muito volumosos, taninos redondos e aveludados. Ideal com queijos, carnes vermelhas e de caça.

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