O vinho pinot noir é considerado um dos melhores do mundo devido à uva de mesmo nome. Esse tinto encorpado na medida possui aroma perfumado que evolui com o passar do tempo. Ele é considerado um clássico na sua categoria porque apresenta médio corpo e estrutura firme. Quando jovem não transmite aromas e sabores muito expressivos, mas ao envelhecer por um ou dois anos se abre e revela toques de frutas vermelhas e especiarias.
Uva pinot noir
É uma das principais cepas tintas, originária da região da Borgonha (França), de casca fina, baixa acidez, cor média, poucos taninos, é melhor cultivada em regiões de clima mais frio. Seus vinhos são muito longevos, atingindo a maturidade em até 10 anos. Seu cultivo é extremamente difícil, sendo poucos os produtores bem sucedidos. É uma das mais antigas uvas francesas e ainda sujeita a mutações.
Esta casta tem mais de 2.000 mil anos de idade, portanto é considerada uma das mais clássicas da humanidade para a produção de vinhos tintos finos. Devido ser plantada em uma região bastante fria, seus vinhos ganham características específicas como menos corpo, mais complexidade de sabores, menos álcool por causa da presença de menos açúcar na uva.
Na região de Borgonha é permitido por lei plantar apenas dois tipos de uvas: pinot noir e chardonnay. Isso é uma coisa interesssante porque mostra como uma uva pode ficar tão caracterizada por uma região. Por isso, em outros países do Novo Mundo, o vinho pinot noir tende a ser mais alcóolico e menos frutado, portanto mais encorpado.
Muito utilizada também em blends de espumantes e champagnes. Ela é suave e sedosa, com sabores de frutas tropicais quando jovem. Ao envelhecer em carvalho adquire no paladar baunilha cremosa e quando torna-se um vinho de guarda outros toques sobressaem como trufas e tostado.
Borgonha
Terra da uva pinot noir, que se estende de Chablis, ao norte, a Beaujolais, ao sul da França. Apesar de Chablis estar isolada, todas as demais áreas são de vinhedos contínuos que abrangem 6 AOCs com diversas características. As mais prestigiadas encontram-se em Côte de Nuits e Cotê de Beaune que formam o conhecido Cotê D’Or, ou “Colina de Ouro”, entre as cidades de Dijon e Chagny. É uma região que combina belos locais medievais com vinho e gastronomia.
Como curiosidade, está localizado nesta região um Grand Cru que é considerado um dos mais caros do mundo e que está presente nas mesas de muitas personalidades e nas mais ricas adegas que é o tão falado Domaine de la Romanée-Conti, que é feito em menos de dois hectares, com uma produção que não chega a 6 mil garrafas anuais. Quando jovem este vinho é encontrado por não menos que 15.000 euros a garrafa. É um vinho de grande personalidade, mas que carrega a marca da família e sua tradição, por isso esse valor agregado ao preço do produto.
O terroir é imprescindível para a produção de um bom vinho pinot noir, por isso os vinhedos mais famosos localizam-se ao longo de 50km da Cotê D’Or. Terrenos em declive de formação calcária, argila, granito e areia. O clima é continental moderado, com verões quentes e invernos frios e secos.
A reverência do vinho pinot noir vem principalmente da escola francesa que se aperfeiçou bastante na técnica de produção. A Borgonha foi desde a Idade Média habitada por monges que sempre se dedicaram ao desenvolvimento da vinicultura de uma forma excepcional. Eles trabalharam muito com a uva pinot noir em função até do próprio clima da região.
Esta uva é uma das castas mais difíceis de se cultivar porque ela é muito delicada, sensível que nem sempre consegue sobreviver e dar os melhores vinhos. Isso depende da combinação do produtor saber trabalhar muito bem a uva, dela estar em um clima adequado, normalmente os mais frios, além de ser plantada em terroirs que ela se desenvolva e dê uma boa produtividade. Assim, a uva poderá se expressar de uma forma muito peculiar.
Formato de Garrafa
Os vinhos das uvas cabernet franc, cabernet sauvignon e merlot são embalados em garrafas no formato Bordeaux. Já as castas de uvas chardonnay e pinot noir podem ser engarrafadas no estilo Borgonha. Os produtores de brancos e tintos usam este tipo porque são vinhos que não costumam formar sedimentos.
Este estilo é oposto ao Bordeaux porque possui os ombros caídos e atenuados, é mais alongada, com contornos suaves e a parte interior mais bojuda. É útil para estocar e envelhecer nas caves, uma vez que as garrafas são tradicionalmente dispostas umas invertidas às outras. Vinhos do Vale do Loire, na França, são envazados neste formato. É conhecida por acondicionar Pinots do mundo todo porque são vinhos menos tânicos e encorpados, que acumulam menos resíduos sólidos com o envelhecimento.
Taça ideal
A taça é um item muito importante. Uma taça lisa, com uma silhueta de “tulipa” é adequada para a maioria dos casos. As taças para os vinhos tintos devem ser maiores que as utilizadas para vinhos brancos (contém um volume aproximado de meio litro) e as taças para as degustações profissionais são ainda menores que as anteriores. O fundamental é que o vidro seja liso e transparente, que o tamanho da taça permita girar o vinho por suas paredes comodamente, e quando possível, que a sua borda tenha a função de concentrar os aromas.
Para o vinho pinot noir recomenda-se a taça Borgonha porque possui bojo maior, no formato de balão, trazendo mais contato da bebida com o ar, ampliando assim os seus aromas. O vinho vai direto para o meio da língua. Perfeita para melhorar as notas maduras destes vinhos.
Sugestões
O vinho pinot noir é perfeito para fazer harmonização com comidas mais leves, carnes vermelhas magras e peixes saborosos como atum e salmão. Massas também são excelentes combinações. Os queijos mais indicados são os cremosos, casos do brie e camembert.
A sua cor tradicional é um rubi sem muita intensidade, o nariz apresenta frutas mais frescas como morango, frutas do bosque, cereja, framboesa, groselha e com o passar do tempo os aromas vão se modificando e evoluindo para cogumelos, ervas, couro e especiarias. A boca tem pouco tanino, bastante acidez e muita fruta no paladar. É um vinho extremamente elegante.
O pinot noir é o melhor vinho para ser apreciado no verão e em estações mais leves como primavera. Ele de longe pode alcançar uma complexidade que os outros não chegam mesmo com sua pouca estrutura.
Apesar da dificuldade de trabalhar com esta uva, continua cobiçada e tende a vir mais para o gosto do público brasileiro que está se acostumando com bebidas mais elegantes.
A Wine Lovers tem em seu portifólio alguns rótulos deste saboroso e delicado vinho. Experimente!
Tricky Rabbit Pinot Noir/Syrah Reserva, da vinícola chilena, Invina (www.invina.net), com 75% Pinot Noir e 25% Syrah. As uvas foram maceradas a frio durante 5 dias, depois fermentadas em tanques de aço inoxidável entre 24o e 28o C. Envelhecimento durante 8 meses em barris de carvalho novos e usados. No nariz toques florais, cerejas, ameixas, passas e baunilha. Na boca leve com notas sutis de fumo. Ideal para harmonizar com cordeiro assado, aves de caça, carnes vermelhas e brancas, queijos curados, peixes e massas.
W of Paine Pinot Noir – Reserva, da vinícola chilena, William Cole Vineyards, com 100% Pinot Noir. Vinho de cor vermelho cereja com tons de rubi, translúcido e brilhante. No nariz notas de frutas vermelhas como morangos maduros, chá preto, grafite e algum solo úmido. Na boca persistência, corpo médio, frescor e taninos delicados e redondos. Acompanha bem pratos de risotos de cogumelos, sopa de caranguejo e brownie de chocolate.
Bogle Pinot Noir, da vinícola californiana, Bogle Winery apresenta 100% Pinot Noir. Estágio de 12 meses em barris de carvalho francês e americano. Produzida em Russian River Valley, o melhor local para cultivo desta variedade nos Estados Unidos. Por isso, resultou num surpreendente vinho, elegante, complexo, com notas de frutos silvestres, hortelã, especiarias, lavanda, baunilha e tostado. Harmoniza com queijos envelhecidos e patês, pratos com cogumelos, aves e suínos.
Willowbrook, da vinícola californiana localizada em Russian River Valley (Sonoma), Owl Ridge Winery possui 100% Pinot Noir. Cor rubi intensa e profunda. Estágio de 10 meses em barris de carvalho francês, 40% novos. No nariz notas de cerejas frescas com toques sutis de especiarias. Na boca envolvente, com boa harmonia entre acidez e taninos. De final longo e equilibrado lembrando o carvalho. Ideal com carnes magras de cordeiro e porco, pato, salmão, massas e queijos.