Quando as pessoas pensam em vinho, logo vem à cabeça uma garrafa de tinto, não é mesmo? Existem uvas tintas maravilhosas que podem fazer excelentes vinhos. O que muitos não sabem ou não tem conhecimento é que as uvas brancas são capazes também de serem as protagonistas de incríveis vinhos, alguns até reconhecidos por grandes críticos do mercado.
Tipos de vinho com uvas brancas
Os vinhos podem ser classificados em diversos tipos. Vamos abordar apenas os produzidos com uvas brancas neste artigo. Podem ser espumantes, brancos leves, brancos aromáticos, brancos de médio corpo, brancos bem-estruturados e de sobremesa.
Espumantes
Podem ser leves e delicados como os proseccos italianos, elegantes como os champagnes franceses, frutados como as cavas espanholas ou borbulhantes como os do Novo Mundo. Independente da região, a maioria é composta da mistura da chardonnay, considerada como a rainha das uvas brancas, pinot meunier e pinot noir. Opa! Pinot noir? Mas, essa uva não é tinta? Como podem fazer espumantes brancos com uma uva tinta…
Bom, isso pode ser facilmente explicado pela composição da uva que é feita da pele, do engaço (ramas e cabo da uva), da pruína, das sementes e da polpa. A pele é a fonte dos agentes corantes, os famosos taninos, e dos componentes de sabor que dão caráter ao vinho. O engaço contém taninos amargos e raramente é utilizado na vinicultura. A pruína é aquela camada de cera no exterior da pele que contém leveduras naturais. As sementes também possuem taninos amargos e são geralmente removidas durante o processo de vinificação. Você já deve ter ouvido falar na separação do engaço e sementes do mosto, ou seja, o que sobra ao retirar a parte dos taninos amargos. A polpa é a maior parte da uva e possui açúcar, água, ácidos e mais componentes de sabor.
Então, um vinho branco pode ser feito a partir de uvas tintas, basta utilizar apenas a polpa. Portanto, no caso do espumante retira-se a pele, o engaço, as sementes e a pruína.
O espumante feito apenas com uvas brancas é chamado de “blanc de blancs”. A Wine Lovers, tem em seu portfólio o Veuve Tailhan Blanc de Blancs, da França. Um brut feito com as uvas airen, ugni blanc, durello, macabeu e garganega pelo método charmat. De cor dourada pálida, um bouquet dominante de polpa de fruta branca, maçã e pera. Um bom ataque, limpo e fresco. Ideal como “welcome drink” e para acompanhar delicados fingers foods.
E o Veuve Tailhan Blanc de Blancs – Champenoise, da França, elaborado pelo método tradicional com as uvas ugni blanc, colombard, chenin e chardonnay. Envelhecido por no mínimo 12 meses. Cor ouro pálida e brilhante com aromas florais sutis e nuances de frutas brancas. Perfeito também como “welcome drink”, festas e comemorações.
E também a Cava Brut Musso, da região de Requena (Espanha). Feito 100% da uva macabeo. Elaborado pelo método tradicional com leveduras naturais. Cor de tons esverdeados, borbulhas persistentes e refinadas. Aromas de frutas brancas e notas cítricas. Elegante final de brioche amanteigado. Na boca é fácil, redondo, com uma efervescência que evolui no paladar, dando um sabor prolongado que permanece na memória. Combina bem com aperitivos leves, molhos suaves, saladas e carnes brancas.
Brancos leves e secos
São vinhos leves, frescos, mais neutros e com uma acidez característica. Com cores esbranquiçadas, pálidas e esverdeadas na taça. Sabores de maçã, pera e frutas cítricas. No nariz apresentam aromas de maçã verde, pedra molhada e grama recém-cortada. São usadas, principalmente, as uvas sauvignon blanc, pinot grigio, pinot blanc, riesling e chardonnay mais suaves que fazem os famosos chablis de Borgonha, além das uvas autóctones portuguesas para os vinhos verdes.
Vinhos assim são comumente encontrados no Velho Mundo, na França, Itália, Portugal e Alemanha. O envelhecimento pode ser feito em barris de carvalho, algumas vezes, mas não irá acrescenta sabor e pode tornar o vinho mais pesado. Por isso, os produtores tendem a não usar esse processo para deixá-los mais frescos, vivos e jovens.
O Foffani Pinot Grigio Superiore, da região de Friuli-Aquileia (Itália), com 100% Pinot Grigio, é um exemplo desses vinhos. Fermentado em tanques de aço inox, sem fermentação malolática e envelhecido por batonage sur lies em tanques de aço inox. De cor amarelo com reflexos de palha e cobre. Aromas cítricos, flores de acácia, figos, feno, maçã madura e crosta de pão. Na boca apresenta corpo harmonioso, sofisticado e boa estrutura. Harmoniza com queijos, pratos leves, carnes brancas e peixes.
Brancos aromáticos ou florais
As uvas mais utilizadas nesses vinhos são pinot gris, alvarinho, viognier, muscat, gewurztraminer e gruner veltiner. Algumas mais conhecidas e outras nem tanto, mas possuem características comuns, como a cor intensa e aromas diferenciados de acordo com cada casta. Pinot gris (notas cítricas e defumadas), viognier (pêssego), riesling (mel, feno e querosene). Na boca apresentam variações entre leves e delicados até mais encorpados e aromáticos.
Esses vinhos são encontrados em diversas regiões do mundo: França, Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal e Grécia. Nenhum produtor consegue apagar o caráter vivo deles através do carvalho. Devido sua potência aromática podem se integrar bem com um toque de açúcar, então poderão ser meio-secos.
O Bojador Branco, da região do Alentejo (Portugal), é produzido com 50% antão vaz, 30% arinto e 20% alvarinho. Vinho orgânico, fermentado em pequenas cubas de aço inox. Cor verde dourada. No nariz apresenta aromas intensos, distintos e complexos de marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá, lichia e flor de laranjeira. Elegante na boca, com boa acidez, estrutura marcante que prolonga a degustação. Muito rico em fruta e frescor. Ideal com petiscos, peixes fritos, massas com molhos leves e até sozinho.
Branco de médio corpo e ácido
Vinhos com aromas menos pronunciados do que os sabores aportam uma acidez mais viva e algo de metálico que harmoniza com diversas opções de comida, tornando-se excelentes acompanhamentos. Os aromas costumam ser mais suaves e demoram para ser liberados.
As uvas mais empregadas na produção desses vinhos são a chardonnay (avelã), a chenin blanc (pedras úmidas), a sémillon (cera de abelha), a sauvignon blanc (frutas cítricas e silex) e riesling (lima). Normalmente, podem ser amadurecidos em barris de carvalho por pouco tempo para o sabor de baunilha não interferir em demasia no vinho.
O Château Haut Bon Fils, da região de Bordeaux (França) possui 60% sémillon e 40% sauvignon blanc. Fermentação alcoólica, com controle de temperatura, na presença de leveduras selecionadas. Amadurecimento sobre as borras finas. De cor amarelo suave. É equilibrado e frutado. Ideal com peixes grelhados, frutos do mar ou como aperitivo.
No próximo artigo continuaremos a descobrir mais sobre os tipos de vinhos feitos com uvas brancas. Aguardem!