O ser humano é dotado de cinco sentidos principais. Há pessoas que acreditam até em um sexto sentido, pautado pelas intuições, mas esse assunto fica para um outro blog! No nosso caso específico, vinho, os apreciadores podem utilizar apenas quatro, são eles: visão, paladar, tato e olfato. A audição pode ser inclusa se prestarmos atenção na rolha saindo da garrafa ou no estouro do champagne, por exemplo. Mas, para fazer parte desse estudo de como melhorar a experiência de provar vinhos, ficaremos apenas com os citados.
Como o assunto é vasto, resolvemos criar a primeira websérie do blog. Portanto, a cada mês abordaremos um sentido. De acordo com uma escala de complexidade, do menos complexo ao mais complexo, temos a visão, o paladar, o tato e o olfato. O primeiro artigo será sobre a visão. Então, fique de olhos bem abertos, literalmente, para saber mais sobre como os nossos olhos impactam a percepção que obtemos de cada vinho.
A Visão
A primeira coisa que o Wine Lover vai poder diferenciar de um vinho para o outro será as características visuais presentes em cada taça. Como a cor, a intensidade, a opacidade e a viscosidade. A cor é muito importante porque será possível distinguir um vinho branco, rosé, laranja ou tinto. Mas, dentro de cada tipo também tem as especificidades de cada um.
O vinho branco pode ter cor amarelo, esverdeado, palha, etc. O vinho rosé tem nuances mais rosáceas, casca de cebola, avermelhada, assim como o laranja que pode ser âmbar, alaranjado, acobreado. O tinto pode apresentar coloração de rubi, cereja, violáceo e com o tempo tornar-se mais acastanhado.
Sabendo o tom da cor, passamos para a intensidade. O vinho pode ser claro, translúcido, médio e escuro. Assim podemos saber se um vinho possui uma cor muito intensa, forte mesmo ou uma cor mais suave, branda, bem clara. Um vinho branco pode ser translúcido, bem clarinho ou escuro, bem pronunciado. Assim como os rosés, tintos e laranjas.
Agora vamos descrever a questão da opacidade. Se ele é límpido, opaco, filtrado ou não-filtrado. Num vinho límpido pode se ver através da taça o outro lado, um vinho opaco não se consegue. Quando filtra-se a bebida, retira-se o material que se acumula no fundo dos tanques e barris, chamado resíduos ou sedimentos, portanto, o vinho torna-se bem cristalino. Se for feito com processos mais tradicionais, como em ânforas e talhas, costuma-se não filtrar para preservar todos os sabores, mas a bebida tem um aspecto mais turvo. Caso dos vinhos laranja, orgânicos e biodinâmicos dependendo muito de cada produtor.
Outro aspecto diz respeito à viscosidade, que pode ser percebida ao girar a bebida na taça, que pode identificar se o vinho é mais ou menos alcoólico. Pois, as lágrimas, que são àquelas gotículas que escorrem no interior do cristal, estão descendo com menos ou mais velocidade, respectivamente. Lágrimas rápidas indica pouco açúcar e consequentemente um teor de álcool menor e vice-versa.
A degustação
Para degustar um vinho precisa-se de boa vontade, um pouco de conhecimento e um certo tempo. Qualquer pessoa pode se aventurar no mundo do vinho e tornar-se um apaixonado pela bebida, por isso quando pedir um vinho ou mesmo abrir um em casa siga esses passos para começar a identificar como está o vinho antes de prová-lo. Essa abordagem mais atenta e metódica pode ajudar a aproveitar melhor cada taça ao invés de simplesmente engolir rapidamente.
Escolha um ambiente de preferência com iluminação natural, que permita o exame de coloração. Também é importante saber que taça é a mais adequada para cada tipo de vinho. Ela deve possuir uma haste alta, o bojo deve ser largo para ter espaço para movimentar o vinho. Finalmente, o cristal deve ser límpido, não lapidado, colorido ou decorado para permitir o exame bem da cor. Se for espumante ou champagne recomenda-se utilizar a taça apropriada para a bebida com corpo alto, reto e de cristal fino para valorizar e reter as borbulhas.
A simples observação do vinho pode dar dicas sobre o seu caráter. Quando colocar o vinho na taça, veja atentamente o líquido caindo. Em seguida, segure pela haste e leve a taça na altura dos olhos para poder ver a cor, depois coloque-a na frente de um fundo branco para fazer a análise da intensidade e da opacidade. Se é transparente, límpido, efervescente, que tons e nuances de cor se sobressaem.
Faça agora uma leve rotação para espalhar o vinho pelas paredes internas da taça e arejar a bebida. Nesse momento vai perceber um véu que forma pequenos arcos e lágrimas que são muito úteis para descobrir a viscosidade e fluidez. Os demais passos serão explicados nos próximos artigos conforme cada sentido.
Exame Visual
Nos vinhos brancos, a concentração de cor varia de acordo com a uva utilizada, idade e maturação. Portanto, podem possuir as seguintes colorações: amarelo-palha, citrino, dourado-pálido e dourado-forte. Nos vinhos rosés, a cor pode variar do rosa pálido até o vermelho cereja. Nos vinhos tintos, encontra-se o púrpura, rubi, grená, violeta e tijolo.
Portanto, quando o vinho branco apresenta reflexos esverdeados e o vinho tinto cores violáceas significa que são jovens. Se as cores são muito concentradas são por causa da variedade da uva, pois cada uma possui uma intensidade que a identifica. A uva cabernet sauvignon é rica em cor enquanto a pinot noir é bem mais pobre em concentração de cor.
O que precisa se entender é que o vinho límpido, sem suspensões e sedimentos permite a percepção de todas as cores. Bebidas opacas são decorrentes de vinificação tradicional, ancestral e podem ser consideradas em vinhos de estilo mais rústico ou com processos milenares.
Sugestão Wine Lovers
A Wine Lovers, www.winelovers.com.br, tem mais de 250 vinhos disponíveis no seu portfólio. Seguem algumas opções para conhecer uvas diferentes, regiões inusitadas e melhorar ainda mais a sua experiência visual durante a degustação.
Vinho branco italiano – O Val Di Toro Auramaris DOCG, da vinícola Val Di Toro, tem 85% vermentino e 15% grechetto. Cor amarelo brilhante com reflexos dourados. No nariz, libera aromas frutados com notas de frutas cítricas, frutas exóticas, maçã, pera e sálvia. Levemente herbáceo, com um caráter mineral intenso, tendendo a sal, no qual a casta grechetto possui. Na boca confirma o seu charme. A harmonia entre frescura e o componente ácido, perfeitamente equilibrado pela plenitude e redondeza do sabor e complementada pela mineralidade típica dos solos em que as raízes das videiras do vinho afundam. Ideal com espaguete ao molho branco, peixes e frutos do mar.
Vinho rosé romeno – O Byzantium Rosé, da vinícola The Iconin Estate, tem 100% shiraz. Cor salmão, alegre e brilhante. No nariz, revela notas frescas de flores delicadas, especiarias, framboesas, morangos, cerejas e toques sutis de toranjas vermelhas. Na boca é exuberante, com notas florais sutis e notas de pimenta vermelha, resultando em um final persistente. Belo equilíbrio entre a fruta e a acidez no paladar. Harmoniza com saladas, camarão, peixes e frango grelhado.
Vinho laranja argentino – Casa de Uco El Salvaje Orange Style, da vinícola Casa de Uco Private Vineyards & Wine Resort, tem 855 chardonnay e 15% torrontés. Inspirado em métodos ancestrais, a cor alaranjada deste vinho é a consequência do processo de elaboração oxidativa e do envelhecimento na barrica. Sua tipicidade é conseguida a partir do contato da polpa – o suco – com a pele da uva. Tanto na boca quanto no nariz lembra um vinho branco fresco, com uma acidez marcante e uma elegância que provém do tempo que permaneceu em contato com as peles. Ideal com frutos do mar, saladas, massas ao molho de queijo, frutas e queijos macios.
Vinho tinto português – O Quinta da Bica Colheita, da vinícola Quinta da Bica, tem 30% touriga nacional, 30% alfrocheiro, 20% tinta roriz e 20% jaen. Cor vermelha clara com reflexos grená. Aroma complexo a frutos silvestres maduros, com nuances vegetais, especiarias e chocolate. Sabor aveludado com presença de taninos elegantes contribuindo para um final longo. Combina bem com pratos italianos, bife bourguignon e feijoada.