A Europa não é a única produtora de uvas emblemáticas. A América do Sul também apresenta grandes destaques do mercado viticultor. A uva Torrontés é um deles e, apesar de ter o mesmo nome de uma cepa espanhola, é a variedade branca pela qual a Argentina é mais conhecida. Há três tipos de Torrontés: Riojano, Sanjuanino e Mendocino. Explicamos nesse texto as características de cada uma delas e de seus vinhos, os mais importantes do nosso vizinho argentino.
Origem da uva Torrontés
Os espanhóis trouxeram as primeiras videiras para as Américas e os estilos Moscatel de Alejandría e Criolla Chica (ou Listán Prieto, na Espanha) foram as primeiras uvas plantadas no continente.
Na região argentina de Cuyo, onde foram densamente cultivadas no final do século XVIII, as duas variedades se cruzaram e deram à luz a três uvas diferentes: Torrontés Riojano, Torrontés Sanjuanino e Torrontés Mendocino.
Levou mais de 150 anos para descobrirem que essa não era uma variedade espanhola, mas sim uma nativa argentina – três, na realidade.
Durante os séculos XIX e XX, muitos nomes foram dados a essas variedades e todos refletiam memórias de uvas que permaneciam na mente dos imigrantes europeus com saudade de casa.
Por exemplo, na cidade de San Juan, nomearam a cepa de Malvasia. Em Mendoza, Moscato d’Asti e Moscatel Romano.
A uva Torrontés se espalhou pela Argentina e, quando foi identificada como três variedades nativas distintas em 1989, elas já haviam sido plantadas por todo o país.
No Vale de Cafayate é cultivada a maior parte dessa uva branca. A cidade de Salta também tem grande importância para a produção. As vinhas e o dourado das uvas chamam atenção nas duas regiões.
Assim como a Sauvignon Blanc mostrou do que a Nova Zelândia era capaz, os vinhos dessa uva colocaram a Argentina no mercado.
Características da cepa
A Torrontés tem muitas características de suas “mães”, Moscatel de Alejandría e Criolla Chica. As mais notáveis são o impressionante rendimento e os aromas de jasmim, rosa, gerânio e madressilva.
Alguns vinhos da cepa apresentam notas de frutas cítricas e pomares, enquanto outros têm aromas mais exóticos de lichia e manga ou até mesmo notas minerais com uma ligeira salinidade na boca.
Esse tipo de uva é cultivada em vinhedos de alta altitude, onde as temperaturas mais frias da noite ajudam a reter a acidez da uva. Nas regiões mais quentes, corre-se o risco de ficarem murchas.
Os vinhos Torrontés são frescos e refrescantes, sendo uma ótima opção para o verão.
Os três tipos de Torrontés
Das três variedades, a considerada de melhor qualidade é a Torrontés Riojano, originária de La Rioja. É a mais plantada delas e pode ser encontrada por toda a Argentina.
A Riojano é a uva com maior potencial para a produção de vinhos de alta qualidade, por conta de seus aromas e o equilíbrio entre o açúcar e a acidez. Suas plantações vão de Jujuy, no norte do país, até Chubut, extremo sul.
A Torrontés Sanjuanino ocupa o segundo lugar em qualidade, graças às características de seus cachos grandes e soltos. A maior parte de seu plantio ainda está em San Juan, com 90% das vinhas.
Com essa variedade é produzido, principalmente, vinho de mesa, mas a Sanjuanino também é muito destinada ao consumo como uva de mesa.
Entre as três, os vinhos de menor qualidade são da Torrontés Mendocino. Seus cachos são menores que as outras duas variedades, que possuem bagos de tamanhos médios.
Esses são indícios de um outro “parentesco”. Por isso, pesquisadores estão em busca de sua verdadeira origem.
Apesar do nome, a maior parte de suas videiras estão em San Juan. As Mendocino são majoritariamente consumidas como uvas de mesa. Não há muitos vinhos produzidos com essa cepa.
Deguste os melhores vinhos Torrontés
Só na Wine Lovers é possível encontrar rótulos exclusivos das uvas Torrontés para você experimentar o sabor da Argentina. Confira alguns vinhos brancos argentinos capazes de surpreender todo mundo:
Finca Agostino Inicio Torrontés. Vinho que complementa com perfeição pratos orientais, como sushis, sashimis e afins. A sua mineralidade e seu aspecto ácido são o trunfo da Torrentés, já que o aroma de flores brancas e frutas tropicais fazem uma brincadeira interessante com seu sabor seco.
El Salvaje Blend de Blancs, da vinícola Casa de Uco. Esse vinho é a essência do frescor, tanto no nariz quanto na boca. Forte acidez e, na boca, muito frutado. Ideal com frutos do mar, saladas, massas ao molho de queijo, frutas e queijos macios.