O vinho é o produto resultante da fermentação alcoólica natural do esmagamento das uvas, formado pelo chamado mosto, que é o suco composto de polpa e cascas da fruta fresca. Este fenômeno ocorre de forma espontânea na natureza quando as uvas maduras têm suas cascas rompidas, possibilitando que haja um ataque de leveduras selvagens que são responsáveis pela transformação do açúcar da uva em álcool.
Pré-História
Não se pode afirmar com exatidão quando e onde foi feito o primeiro vinho, mas é possível inferir que o homem neolítico – que viveu na Idade da Pedra Polida – tenha entrado em contato com esse produto, ou seja, o resultado da fermentação natural da uva, por acaso.
Onde foi encontrada a mais antiga videira? Bom, de acordo com pesquisas arqueológicas, parece ter sido originada ao sul do Mar Negro e sudoeste da cadeia dos Cáucasos. Atuais territórios da Armênia, Geórgia soviética e Turquia. Foram achadas sementes de uvas cultivadas nos anos 7000 a.C. E a mais antiga evidência de vinho armazenado foi descoberta no Irã, mais precisamente nas montanha de Zagros, em 5000 a.C. Incrível, não é?
Idade Antiga
Após o desenvolvimento da escrita pelos sumérios, outras civilizações da Antiguidade tomaram contato com o mundo do vinho. Muitas escavações paleontológicas dão noções de como foi esse período.
Por uma feliz circunstância, os homens daquela época descobriram uma maneira de elaborar tão apreciada bebida, na qual suas respectivas mitologias lhe atribuíram uma origem divina. Pois, os egípcios consideravam que o deus Osíris foi quem os ensinou como produzi-lo, visto que o rei Escorpião I até foi enterrado com vestígios de vinho em 3150 a.C. Mais tarde, os romanos renderam este culto ao deus Baco!
Você sabia que em algum ponto da Mesopotâmia, a terra fértil regada entre os rios Tigres e Eufrates, é considerado o local do nascimento do vinho como é conhecido atualmente, porque em 2750 a.C. foram encontrados escritos em argila sobre o vinho na cidade de Ur. E as leis do rei Hammurabi, da Babilônia, tinham até regulamento sobre o comércio do vinho no varejo no ano de 1750 a.C.
Os fenícios, grandes navegadores da História, foram um dos povos que também contribuíram para a propagação do cultivo da uva e da produção do vinho em suas colônias mediterrâneas, local em que se encontram atualmente a França e a Itália, na região sul.
Ao analisar o período inicial da história do vinho, é vital levar em consideração o papel principal que desempenhou no cotidiano dos gregos antigos e, mais tarde, dos romanos. Isso e, principalmente, seu uso em eventos e rituais religiosos, fizeram do vinho um fator importante no início da civilização ocidental.
Na época dos gregos antigos, os habitantes da China também estavam cientes do vinho, mas pouco fizeram para explorá-lo. O cultivo de videiras tocou cidades na Pérsia e na Índia, mas sem grande significado e nunca fez parte da América pré-colombiana, apesar da presença de videiras selvagens e da existência de civilizações bastante sofisticadas.
Idade Média
Com a inclusão do vinho na Eucaristia Cristã, em que ele simboliza o sangue de Cristo e o pão seu corpo, a bebida tornou-se mais tradicional apesar da representação do vinho como sangue ter origens gregas anteriores ao Cristianismo e seu uso como benção também faz parte da religião judaica.
Por isso, sua incorporação pela Igreja assegurou o futuro dos vinhedos europeus no início da Idade Média. Até porque o método de produção da época, pisa a pé, era arriscado, pois causava sufocação nos trabalhadores em contato com o dióxido de carbono exposto durante a fermentação. Isso tudo mudou quando no final deste período, as prensas popularizaram-se e extraiam o vinho com mais qualidade e segurança para as pessoas.
Como curiosidade, para as pessoas na Idade Média, vinho e cerveja não eram luxos, mas necessidade. A água fornecida nas cidades era impura e muitas vezes perigosa. O papel anti-séptico desempenhado pelo vinho fez parte da medicina rudimentar da época. Misturada com vinho, a água se tornou potável, se não palatável. A água raramente era consumida sozinha, pelo menos nas cidades. Quem diria, não?
O vinho estava ligado ao modo de vida mediterrâneo. Ao norte dos Alpes, atividades mais sedentárias, como a produção de vinho, foram ameaçadas por invasores. Foi apenas a igreja, que precisava de vinho e conseguiu manter um suprimento contínuo, que facilitou a sobrevivência das vinhas. Então, depois que a Europa emergiu de sua turbulência, a maioria dos vinhedos ficou perto de mosteiros e catedrais.
Monges e vinhos
Os monges não se contentavam simplesmente em fazer vinho, eles queriam melhorar isso. Na Idade Média, os cistercienses da Borgonha foram os primeiros a estudar o solo da região da Côte d’Or e transformar as vinhas locais, selecionando plantas melhores, experimentando poda e escolhendo as áreas menos expostas ao gelo para produzir as uvas mais maduras.
Eles construíram muros em torno das melhores vinhas; as áreas fechadas que permanecem, mesmo que apenas em nome (Clos Vougeot, Clos des Pucelles…), testemunham a percepção desses monges produtores de vinho. Os cistercienses de Klosters Eberbach fizeram o mesmo no distrito do Reno, que hoje é uma das regiões vinícolas mais famosas da Alemanha. O objetivo deles não era apenas produzir vinho para a missa, mas também vender. Como resultado, os monges desempenharam um papel fundamental no comércio de vinhos na Idade Média.
Hoje, você pode adquirir vinhos de diversos países europeus sem sair de casa, pela loja virtual da Wine Lovers (www.winelovers.com.br). Veja esta seleção de vinhos com muita história à sua disposição:
Da Espanha, temos o vinho Tobelos Garnacha, safra 2009, da vinícola Tobelos Bodegas y Viñedos, com 100% garnacha, de cor cereja, grande vivacidade, aromas complexos, intensos de frutos maduros como morango e amoras e especiarias doces, muito mineral. Na boca é potente, encorpado e com final longo e prolongado. Ideal com peixes oleosos, carnes vermelhas e aves.
Da França, escolhemos o vinho Saint Gènés Bordeaux Rouge, safra 2014, da vinícola Vignobles Famille Courselle, com 80% merlot e 20% cabernet sauvignon, de cor roxo escuro, aroma frutado, levemente picante, na boca apresenta acidez equilibrada. Muito fácil de beber e taninos redondos. Harmoniza bem com carnes vermelhas, churrasco, queijos e azeitonas. (87 pontos – Robert Parker)
Da Itália, o vinho selecionado é o La Pagliaia Agio IGT, safra 2014, da vinícola Villa La Pagliaia, com 60% sangiovese, 30% merlot e 10% cabernet sauvignon. Jovem, moderno, com caráter Toscano, agradável e harmonioso. No nariz possui notas de framboesas, cerejas maduras e lavanda fresca. Combina com carpaccio, carnes, aves assadas e espaguetes com polpettone.
Excelente essa abordagem, pois é muito importante conhecer a história dessa bebida que transcende gerações.