Vinícolas pequenas e fragmentadas devido às complexas leis de sucessão determinadas pelo código napoleônico, que ainda imperam nas terras da Borgonha, fazem com que os vinhedos sejam divididos em partes iguais para os herdeiros, quando proprietários de vinhas localizadas entre Chablis e Lyon. Mas, essa burocracia não chegou a abalar nem um pouco a produção de um dos vinhos mais famosos da França.
Hierarquia da Borgonha
Vinhedos plantados em uma faixa estreita que percorre diversas regiões, desde Chablis, ao norte, passando por Côte des Nuits, Côte de Beaune, Côte Chalonnaise, Mâconnais até Beaujolais, nos subúrbios de Lyon, mais ao sul. Com o passar do tempo, os terrenos foram distribuídos por ordem de importância. Dependendo do terroir ganhou denominação diferente.
Os grandes Châteaux; propriedades compostas de vinhedos, adegas e até edificações enormes, localizados em Bordeaux; dão lugar na Borgonha pelas diminutas e charmosas Domaines, terrenos menores onde estão concentradas parcelas, ou seja, partes de um vinhedo, suas adegas, muitas vezes subterrâneas, podendo ser classificadas devido aos solos que produzem vinhos mais simples – bourgogne regional, vinhos mais elaborados – bourgogne village, que recebem o nome de vilas e comunas do local em que são produzidos, até chegar ao status de premier e grand cru, por produzirem vinhos mais duradouros, complexos e finos.
Essas características distintas fazem o vinho borgonhês ser tão valorizado. A maioria dos produtores precisa comercializar e vinificar mais de 10 denominações ou AOCs (Apelação de Origem Controlada), por causa dos pequenos terrenos, que englobam não mais que duas linhas de produção.
Outra curiosidade é que praticamente somente três cepas de uvas são cultivadas: branca – chardonnay e tintas – pinot noir e gamay. Possui 8 AOCs, a mais prestigiada fica entre Côte de Nuits e Côte de Beaune, que juntas são conhecidas como Cotê D’ Or, a famosa Colina Dourada, entre Dijon e Chagny.
Principais características
O solo é predominantemente de calcário, pouco argiloso, com granito e areia. O clima é continental moderado, com invernos secos e frios, com geadas em alguns anos bem pronunciadas. Os vinhedos estão localizados ao longo de 50 km na Côte D’Or, entremeados por escarpas e cortados por riachos que deságuam no rio Saône. Cheios de declives que melhoram ainda mais a exposição solar.
Na Borgonha pode-se aprender como é possível ter tantas variedades de vinhos somente por causa dos solos diferentes e da exposição diversificada do sol, dependendo da posição e do relevo da vinha. Ao provar seus vinhos elegantes, o consumidor poderá entender o que um vinho pode proporcionar realmente. Se quiser, pode escolher entre tintos potentes da Côte du Rhône e os brancos minerais do Distrito de Chablis.
A área total de plantações, no começo do século XXI, estava em 50.122 ha, com uma produção de 2.640.724 hl, sendo 59,8% de tintos, 35,6% de brancos e 4,6% de espumantes. Pela Organização Internacional de Vinho (OIV), o país ainda é o terceiro que possui mais vinhedos do planeta (2018).
Um pouco de história
Acredita-se que o vinho desenvolveu-se na região de Beaunois já em 200 A.C. No entanto, o verdadeiro boom da produção da Borgonha está ligado ao cristianismo, não só devido à procura do vinho sacramental (a comunhão era dada em pão e vinho até o século XIII, e os fiéis frequentemente o recebiam diariamente), mas também devido à localização de mosteiros na Idade Média, onde os vinhedos eram muitas vezes herdados pelos monges de importantes líderes locais e serviam como meio de arrecadar dinheiro.
Os monges, gozavam de um bom padrão de vida, selecionavam pacientemente as parcelas (ou “climats”), parte dos vinhedos, que produziriam os melhores vinhos, os quais poderiam ser vendidos aos preços mais elevados. Eles deveriam, para isso, plantar, colher e vinificar naquela terra antes de avaliar um determinado local! É mais provável que determinassem o valor de cada parcela depois de provar os vinhos como forma de pagamento do dízimo. Para proteger seus locais mais preciosos (e evitar disputas com seus vizinhos), eles construíram paredes de pedra e criaram os famosos vinhedos fechados da Borgonha.
A Revolução Francesa foi uma espécie de oportunidade para os vinicultores da Borgonha recuperarem suas terras, antes realocadas aos proprietários aristocráticos e monásticos. A fragmentação dessas propriedades começou em 1791 com a venda de ativos nacionais, como os de Clos de Vougeout e Romanée-Conti. Em 1861, uma classificação do Comitê Agrícola do Distrito de Beaune prefigurou o sistema moderno de AOCs, utilizado até os dias de hoje.
Principais AOC`s
A Borgonha tem 8 AOC’s que são subdivididos pelas regiões de produção como segue: Regional, Chablis, Auxerre-Tonnerrois-Vézelien, Côte de Nuits, Côte de Beaune, Cotê Chalonnaise, Mâconnais e Beaujolais.
O Regional diz respeito aos vinhos produzidos em terroir mais simples, comuns, sem grandes diferenciais de acordo com a hierarquia como os já mencionados bourgognes básicos, entre eles estão o Aligoté, Clairet, Grand Ordinaire e o Crémant de Bourgogne.
Descreveremos neste artigo apenas os dois AOC’s que a Wine Lovers selecionou para trazer aos seus clientes com exclusividade: Chablis e Mâconnais.
Chablis
Chablis é a marca do vinho branco fino, seco, onde o equilíbrio entre a frescura, proporcionada pela acidez, e o caráter frutado, resulta em vinhos muito semelhantes aos grandes brancos das Côtes d’Or, mas mais elegantes e ricos. No entanto, fazer vinho na região de Chablis não é fácil, uma vez que se situa no limite norte da viticultura comercial. O grande inimigo aqui é a geada, tanto que os produtores precisam, às vezes, no inverno, instalar aquecedores nos vinhedos (uma espécie de braseiro a óleo) ou borrifar água nas vinhas para formar uma camada protetora ao redor da planta. A uva chardonnay, é chamada de “Beaune”, cresce especialmente bem nos solos de marga e calcário do distrito de Yonne.
Sugestão Wine Lovers
A Wine Lovers, está complementando o seu portfólio com novidades da Borgonha, entre elas, o vinho Chablis Saint Jean, da Domaine Louis Max, que cultiva suas uvas em agricultura orgânica e certificada pela Ecocert. Ele é produzido com 100% chardonnay, com fermentação e maturação em tanques de aço inox, para preservar a vivacidade do vinho. De cor amarelo ouro brilhante, com reflexos verdes. Belos aromas de mel e doces. Na boca concentram-se os mesmos gostos de mel e doces, mas com um toque mineral, típico dos vinhos da região, com final prolongado. Combina bem com ostras, frutos do mar, escargots, queijos de cabra e gruyère.
Mâconnais
A força deste distrito localizado a noroeste de Mâcon é ligado aos brancos frutados de chardonnay. Os tintos são na maioria da uva gamay, muito utilizada em Beaujolais. Grande parte dos vinhos são feitos em cooperativas. Algumas são bem equipadas e produzem bons vinhos. A qualidade aumentou ao longo da última década e os principais rótulos se aproximam dos melhores Chablis e da Côte de Beaune. São vinhos com teor alcoólico alto, ricos e de textura carnuda. Alguns vinhos são chamados de Mâcon e Mâcon Supérieur, outros de Mâcon-Villages, que a denominação village pode ser substituída pelo nome de uma das 43 vilas ligadas a essa região.
Seleção Wine Lovers
A vinícola Les Vignerons de Mancey, produz o vinho Mâcon Blanc, com 100% chardonnay. De cor ouro pálida com alguns reflexos verdes. Evidencia a monovarietal com aromas de flores brancas e frutas secas. No paladar apresenta frescor e vivacidade. É um vinho redondo e equilibrado com todas as características de um bom Mâcon. Harmoniza com petit-fours, mariscos, queijos frescos, entradinhas, saladas e charcutaria.
O vinho tinto 100% gamay escolhido foi o Mâcon Rouge, com prensagem leve, fermentação em tanques de aço inox para o seu envelhecimento. Vinho produzido com uvas de diferentes parcelas, parte do vinhedo, para multiplicar as nuances aromáticas e melhorar a complexidade. No nariz é fresco com aromas de frutos vermelhos, notas minerais e picantes. Na boca é leve, vivo e adocicado. Combina com carnes suínas, quiches e massas.