A Sobreiro

Planeta Terra, Continente Europeu, Península Ibérica, Portugal, Região Norte do Douro, Sub-região de Bragança, Quinta, entre vinhedos e olivais… Essa é a minha localização. Se quiser posso dar a longitude e latitude para me encontrar com mais facilidade ainda pelo Google Earth. Acredito que assim já pode me conhecer um pouco. Sou uma das árvores milenares de Sobreiro…

Mãe da cortiça

Minha copa é frondosa, tenho um caule grosso e demorou 25 anos para que a minha casca atingisse uma espessura compatível com a produção de cortiça para fabricar muitos produtos sustentáveis para as pessoas, entre eles a rolha de cortiça que veda bebidas como vinho e espumante.

Depois que extraem pela primeira vez a minha casca, volto ao tamanho ideal apenas após nove anos. Mas, se os trabalhadores forem experientes e souberem fazer o corte adequado, continuo a produzir a cortiça por muitos e muitos anos!

Quando fazem isso me sinto naturalmente desnuda, pois retiram toda a minha roupagem, ou seja, a casca propriamente dita. Devido à formação de uma espécie de tecido celular impermeável, homogêneo, isolante térmico e elástico é possível fabricar a cortiça.

Felizmente, aqui na Quinta em que vivo, o trabalho é feito manualmente, com um machado, mas todos tem muito cuidado e carinho comigo. Afinal, estou convivendo com essa família há muitos anos. E todos sabem do meu real valor. Pode-se dizer que sou um carvalho (Quercus suber L.) e minha espécie está presente aqui desde sempre.

Do caule da Sobreiro é extraída a folha de cortiça para a produção das rolhas
Do caule da Sobreiro é extraída a folha de cortiça para a produção das rolhas

Benefícios extras

Além de fornecer a cortiça e proporcionar trabalho para muitos, tenho uma importância crucial na proteção do solo, na regulação hídrica, na conservação da agricultura sustentável e por retirar o carbono da atmosfera. Modéstia a parte!

Minhas irmãs estão espalhadas por outros países vizinhos, como Espanha, França, Itália e na África em alguns outros como Argélia, Marrocos e Tunísia. Mas, aqui em Portugal existe a maior área plantada, com 34% do total mundial, com uma produção de 100 mil ton/ano.

Por isso, possuo um grande papel de destaque nessa economia de produção de rolhas de cortiça. Sua utilização é oriunda desde o século XVII quando ela foi finalmente escolhida para a vedação de bebidas após inúmeras experiências com outros materiais como crina de animais, estopa, pano, pergaminho, etc.

Quem começou com essa ideia foi o monge Dom Pérignon, que ao observar peregrinos espanhóis tapar suas garrafas de vinho com pedaços de cortiça recortados de qualquer maneira, resolveu criar uma tampa cilíndrica para fechar o gargalo de seus champanhes.

Rolhas de cortiça são utilizadas para vedar vinhos e espumantes
Rolhas de cortiça são utilizadas para vedar vinhos e espumantes

Rolha de cortiça

Minha casca ao ser transformada em rolha de cortiça tem qualidades incomparáveis para a preservação de bebidas por um longo período de tempo e ainda tem a vantagem de ser fixada no recipiente em que será servida a bebida.

A rolha de cortiça pode ser considerada desde o século XVIII como insuperável, porque a partir dessa ocasião as garrafas começaram a ser armazenadas de lado em estantes, nas adegas, e as rolhas tiveram que ser introduzidas por inteiro para evitar vazamentos.

Por isso, foi preciso criar uma ferramenta específica para extrair a rolha de dentro do gargalo das garrafas, que ficou conhecido como saca-rolhas. Podem ser manuais ou mecânicos. Os manuais são feitos de um cabo, uma haste e uma espiral (parafuso) e os mecânicos possuem alavancas, pontos de apoio ou roscas para diminuir a força necessária para extrair a rolha.

A cortiça é um material elástico, impermeável, leve, poroso e com isolamento porque em cada centímetro cúbico possui centenas de células agregadas com muito ar. Atualmente, existem diversos tipos de rolhas de cortiça. São elas:

  • monolítico;
  • granular aglomerado;
  • mistura de fatias de cortiça natural e granular aglomerado;
  • seções de cortiça natural;
  • tratadas com alta tecnologia sem conter substâncias nocivas.

No entanto, é preciso ter cuidado para não adquirir cortiça de qualidade inferior, a minha tem procedência familiar, como já comentei, porque o vinho pode ficar com um gosto de rolha, o que pode acabar de vez com a sua intenção de causar uma boa impressão.

Deve ser essa a razão de muitas pessoas cheirarem a rolha discretamente antes de servir a bebida aos seus convidados, acredito!

Saca-rolhas foi inventado para poder extrair as rolhas de dentro do gargalo das garrafas
Saca-rolhas foi inventado para poder extrair as rolhas de dentro do gargalo das garrafas

Recomendações da Wine Lovers

Para apreciar o melhor de um vinho, sugerimos os rótulos que temos no nosso portfólio, a seguir:

O vinho Kalós Yoli Reserva, da vinícola argentina Kalós Wine, tem 45% malbec, 35% cabernet franc e 20% petit verdot. Passou envelhecendo por 18 meses em barris de carvalho francês e americanos. No nariz possui aromas de frutos vermelhos e frutos negros, pimenta vermelha, especiarias e um delicado toque de baunilha e chocolates bem integrados. Na boca é redondo e aveludado, muito persistente, com taninos doces e maduros. É um vinho volumoso, de acabamento longo e elegante. Combina com carne vermelha, carne de porco, cervo, aves, comidas picantes, queijos maduros e firmes.

O vinho Estada Creek Merlot, da vinícola californiana Anders-Lane Artisan Vineyards, tem 100% merlot. Amadureceu por 9 meses em barris de carvalho americano e francês. Possui aromas de cerejas negras, amoras e groselha. Paladar com final longo aveludado com a presença de tons de carvalho tostado agradável e persistente. Harmoniza bem com carnes vermelhas, porco, vitela e massas de molhos leves. O vinho Etrusco, da vinícola italiana Fattoria di Montecchio, tem 80% cabernet sauvignon e 20% sangiovese. Amadureceu 18 meses em barricas de carvalho francês e descansou 12 meses em garrafa. Aromas de grande complexidade, frutas negras e notas de especiarias. Na boca apresenta um bom volume, taninos elegantes e equilibrados. Harmoniza bem com carnes vermelhas, cozidos, salames e queijo de cabra.

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