Como escolher bons vinhos portugueses sem cair na rotina

Selecionar sua bebida devia ser tão importante quanto escolher o que comer! Por que para achar o restaurante ideal você perde tanto tempo e para comprar àquele vinho que harmoniza perfeitamente com o seu prato, escolhe o que tiver mais a mão? Esse artigo vai mais fundo e irá lhe ajudar a optar por bons vinhos portugueses que serão ideais para seus encontros entre amigos, familiares ou àquela pessoa especial.

Douro concentra algumas das vinhas mais velhas, com 70 anos
Douro concentra algumas das vinhas mais velhas, com 70 anos

Portugal e sua indústria vinícola

Durante muitos anos, o país foi conhecido como produtor de vinhos fortificados, como o vinho do Porto e o vinho da Ilha da Madeira. Mas, outros estilos vem ganhando espaço como os vinhos verdes, orgânicos e biodinâmicos. Portugal possui cerca de 223.550ha de vinhas, divididos entre aproximadamente 300.000 viticultores, que produzem mais de 8 milhões de hl, sendo tintos, rosés e fortificados 60% e brancos 40% segundo dados do Instituto do Vinho e da Vinha (OIV) – www.oiv.int – do ano de 2014.

Ilha da Madeira possui um incrível visual das vinícolas à beira mar
Ilha da Madeira possui um incrível visual das vinícolas à beira mar

Apesar da mudança na variedade de vinhos, o país possui muitas cepas nativas, entre as brancas encontram-se Loureiro, Arinto, Antão Vaz; as tintas são Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Trincadeira, Tinta Amarela, Vinhão, etc. A maioria dos bons vinhos portugueses são cortes entre essas uvas autóctones. Atualmente, podem ser apreciados também os vinhos varietais de uvas internacionais como a espanhola Tempranillo, conhecida como Tinta Roriz ou Aragonez em terras portuguesas.

Como o rio Tejo divide o país em duas metades assimétricas, a terra ao Norte é montanhosa e pode chegar até 2.000m na Serra da Estrela, com litoral estreito. Ao Sul, o interior é mais baixo e raramente atinge 500m ao nível do mar. O solo é de granito e xisto no interior e apresenta pedra calcária, argila e areia ao longo do litoral. Com clima diferenciado também pela altitude do terroir, nas regiões costeiras costuma ser mais frio com muitas chuvas influenciado pelo Atlântico. O interior e o Sul, é mais quente, de clima continental com secas constantes. Assim, entendemos melhor como existe a produção de diferentes estilos de vinho.

Ponte sobre o rio Tejo em Lisboa
Ponte sobre o rio Tejo em Lisboa

Legislação portuguesa

Portugal aderiu à União Europeia em 1986 e a partir desta data um grande número de novas regiões vinícolas foi reconhecido. A legislação teve que ser aos poucos alinhada com os preceitos do bloco econômico. Por isso, existem 4 níveis de qualidade, nos quais os DOCs e IPRs determinam as cepas, a produção máxima e o envelhecimento mínimo que classificam os bons vinhos portugueses. Vamos conhecê-las?

DOC

A Denominação de Origem Controlada (DOC) equivalente à AOC francesa, é a mais importante no país. Os vinhos devem ser elaborados em uma das 27 áreas designadas e produzidos de acordo com a regulamentação local.

Região de Minho produz os conhecidos vinhos verdes, uma das DOCs regulamentadas
Região de Minho produz os conhecidos vinhos verdes, uma das DOCs regulamentadas. Foto: Ricardo de Almeida

IPR

A Indicação de Proveniência Regulamentada (IPR) concentra a categoria dos vinhos que tem potencial para adquirir o status de DOC.

Vinho Regional

Vinhos regionais, produzidos em área ampla, mas legalmente definida. Equivalem à vin de pays francesa. Essa categoria permite a mistura de vinhos de uma área extensa e é bem flexível nas cepas autorizadas. Muitos produtores preferem essa nomenclatura no Sul como característica deste vinho.

Vinho de mesa

São os vinhos de Portugal considerados mais simples, que não precisam seguir normas estipuladas de qualidade tão rígidas. São feitos de uvas vitiviníferas não importanto a origem ou a casta.

Crescimento das Quintas

As conhecidas Quintas, são propriedades privadas que cresceram enormemente nos últimos 20 anos porque conseguiram os meios necessários para produzir e comercializar seus próprios bons vinhos portugueses. Por isso, menos é mais na vinicultura portuguesa, afinal apesar de compartilharem o enólogo consultor são independentes, diversificadas e utilizam seus terroirs como forma de trazer uma individualidade muito importante o que garante a qualidade e autenticidade de seus vinhos.

É possível encontar quintas na região do Vinho Verde, Minho, Douro, Dão, que ficam ao Norte; Estremadura e Ribatejo que estão na posição Central e Alentejo ao Sul. Enfim, em quase todas as áreas vinícolas de Portugal. Uma curiosidade é o cultivo em terraços ou socalcos, técnica agrícola e de conservação do solo empregada em terrenos muito inclinados. O país se extende por 200km de leste a oeste no ponto mais largo e cerca de 600km de norte a sul. Até na Ilha da Madeira produz-se vinhos a 1.000km de distância a sudoeste do continente.

Na área de montanha é possível identificar os socalcos, muito comum no Norte do país
Na área de montanha é possível identificar os socalcos, muito comum no Norte do país. Foto: Ricardo de Almeida

Vinícolas orgânicas

A Wine Lovers tem em seu portfólio alguns bons vinhos portugueses, conheça em seguida as vinícolas e seus produtos:

Espaço Rural é uma vinícola orgânica localizada na Vidigueira (Sul do país), região de Alentejo. Seu proprietário, Pedro Ribeiro, é enólogo e tem apostado neste nicho. Conheça seus vinhos tintos, branco, rosé e espumante.

Bojador Tinto Orgânico, tem 50% Aragonez, 30% Touriga Nacional e 20% Trincadeira. Fermentação com leveduras indígenas. Envelhecimento por 6 meses em barris de carvalho francês. Cor rubi concentrada. De aroma exuberante com notas intensas de frutas negras ou vermelhas maduras. Taninos redondos e bom volume na boca. Extremamente elegante, mostra boa acidez e estrutura marcante o que prolonga a degustação. Ideal com carnes grelhadas regadas com molhos de ervas finas, assados ao molho madeira e com um belo bacalhau.

Bojador Vinho De Talha Tinto Orgânico, com 40% Trincadeira, 30% Moreto e 30% Tinta Grossa. Vinificação tradicional em talhas de barro e sem controle de temperatura. Fermentação com leveduras indígenas da região e sem qualquer adição ou correção dos mostos. Estágio durante 2 meses em garrafa. Este vinho não foi estabilizado, antes do engarrafamento, para não afetar o seu potencial de evolução, podendo criar ligeiro depósito natural durante a permanência na garrafa. De cor rubi intensa, aromas de frutas vermelhas, mineralidade, complexidade e frescor na medida certa. No final, uma intensidade longa na boca. Harmoniza com carnes vermelhas, pratos com molhos condimentados, bacalhau e estrogonofe de carne. Esse vinho orgânico foi considerado em 2017 um dos 10 melhores portugueses nos últimos 10 anos por Jancis Robinson, a mais influente jornalista e “Master of Wine” do mundo!

Bojador Tinto Reserva, com as uvas Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Aragonez. Fermentação ocorre em lagares de pisa mecânica e em balseiros de carvalho francês com maceração intensa e temperatura controlada. Envelhecimento por 9 meses em barris de carvalho francês e descanso de 10 meses em garrafas. De cor rubi profundo, concentrado, aroma de frutas negras maduras e notas de especiarias oriundas do estágio em barrica. Na boca taninos firmes, mas fresco. Final longo e persistente. Harmoniza bem com carnes vermelhas e de aves, coelho à caçadora, lebre assada e molhos condimentados.

Bojador Branco Orgânico, com 50% Antão Vaz, 30% Arinto e 20% Alvarinho. Fermentação em pequenas cubas de inox a uma temperatura de 16o C por 21 dias. Cor verde dourada, de aroma exuberante com notas de frutas tropicais. Notas de marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá, lichia e flor de laranjeira. No paladar mostra boa acidez e estrutura marcante que prolonga a degustação. Elegante na boca, com boa acidez e estrutura marcante, que prolonga a degustação. Harmoniza com petiscos, peixes fritos, massas com molhos leves e até sozinho.

Bojador Rosé, com uvas Touriga Nacional e Aragonez. A fermentação ocorre em pequenas cubas de inox a uma temperatura de 14o C durante 17 dias. Possui notas de frutos vermelhos. Bom volume de boca e frescura pronunciada. Acompanha pratos a base de frutos do mar, carnes grelhadas e canapés.

Bojador Espumante Extra Brut, com 100% Arinto. Fermentação alcoólica do vinho base em cubas de inox. Segunda fermentação alcoólica em garrafa a temperaturas controladas. Estágio Dégorgement após um nove meses sobre a própria borra. Borbulhas persistentes e finas. Cor verde citrina. Aroma cítrico, boa frescura e mineralidade. Vai bem como “Welcome Drink”, frutos do mar, peixe e entradas.

A outra vinícola chamada Quinta de Arcossó, de Trás os Montes, também produz vinhos orgânicos. Sendo eles:

Arcossó Padrão dos Povos, tem 40% Tinta Roriz, 40% Tinta Amarela e 20% Touriga Franca. Estagiou durante 30 meses em cubas de inox e por mais seis meses em cave. Cor rubi. No nariz aromas de frutas vermelhas e notas herbáceas. Na boca possui médio corpo com bom frescor e taninos macios. Harmoniza bem com carnes vermelhas, assadas e grelhadas.

Arcossó Reserva, tem 35% Touriga Nacional, 35% Touriga Franca, 15% Tinta Amarela e 15% Tinta Roriz. Estagiou durante 14 meses em barricas de carvalho francês e americano e durante 24 meses em cave. Cor rubi. Aroma floral e notas de frutos maduros. Na boca traz equilíbrio e frescor, taninos vigorosos e um final longo e redondo. Ideal com vitelas e cordeiros.

Videiras adaptam-se muito bem ao clima temperado
Videiras adaptam-se muito bem ao clima temperado

Vinícola biodinâmica

Aphros Winery é uma outra vinícola de bons vinhos portugueses da subrregião de Minho-Lima, região dos vinhos Verdes, que tem como proprietário Vasco Croft, atualmente considerado uma referência na produção de vinhos biodinâmicos no seu país, que tem em seu portfólio os seguintes rótulos:

Aphros Loureiro é um vinho verde, com 100% da uva Loureiro. Fermentação em cubas de inox, barricas de carvalho francês e de castanha com temperatura controlada entre 13o e 16o C. Estágio em barricas sobre as borras finas “sur lies”. Traz aromas de limão, com um toque de pétalas de rosa. Na boca é muito fresco, toranja, melão doce e para finalizar mineralidade, textura cremosa e final longo. Harmoniza com peixes grelhados ou cozidos com molhos, sushis, saladas e frutas.

Aphros TEN 2015, com 100% da uva Loureiro. Prensagem, decantação, fermentação a temperaturas entre 13o e 18o C. Qautro meses de “Batonage”, filtração e engarrafamento. Cor cítrica cristalina. Nariz jovem, com citrinos, lichias e flores, num fundo mineral. Acidez viva, bem balanceada. Persistência suave, marcado por um fino equilíbrio. Ideal como aperitivo. Harmoniza com peixe, marisco, sushi, saladas e frutas.

Aphros Vinhão DOC, com 100% da uva Vinhão. Fermentação em tanques de granito com pisa a pé com temperatura controlada entre 19o e 22o C. Fermentação malolática. Estágio sobre as borras finas “sur lies”. Cor vermelho escuro com uma borda violeta. Um nariz vívido e paladar com uma picância, notas de cassis, ginja e frutas silvestres. Ele possui notas de frutas maduras, mineralidade, taninos elegantes, cremosidade, álcool e frescor em perfeita harmonia. Ideal com pratos da culinária portuguesa, como também italiana, tailandesa ou qualquer tipo de cozinha condimentada.

Aphros PAN, com 100% da uva Vinhão. Espumante rosé elaborado com o mesmo método de um Champagne. Fermentação entre 12o e 14o C, estágio “sur lies” por dois meses após a filtração, fermentação na garrafa, método tradicional. Degórgement a 24 meses. De uma coloração rosa cereja, vigor, persistência, notas de romã, frutas silvestres e folhas secas. Na boca os aromas se fundem numa complexidade, cremosidade e o frescor que tanto encanta. Harmoniza com datas festivas, comemorações, petiscos, entradas como ceviche, tartar de salmão e frutos do mar.

Aphros Phaunos, com 100% Loureiro. Fermentação e maceração pelicular durante 10 semanas em ânfora, onde estagiou mais de 16 semanas após remoção das películas. No nariz fresco, leve, notas sutis de água de pêssego, pera, damascos frescos, flores, grama fresca, limão e mel. Na boca é franco, saboroso, ataque cítrico, deixa a presença média de minerais e frutas frescas. Boa acidez e volume. Final remete a raspas de limão e feno fresco. Média persistência. Combina bem com paella, peixes defumados e frutos do mar.

Aphros Daphne, com 100% Loureiro. Fermentação em cubas de inox, barricas de carvalho francês e de castanha com temperatura controlada entre 13o e 16o C. Estágio em barricas sobre as borras finas “sur lies”. Muita mineralidade, defumado, flores e frutos brancos, num fundo salino. Na boca mostra seu caráter, originalidade e sua origem perto do mar. Acompanha muito bem peixes grelhados ou cozidos, sushi, peixe com molhos, saladas e frutas.

Portugal atrai cada vez mais turistas para as regiões vinicultoras
Portugal atrai cada vez mais turistas para as regiões vinicultoras. Foto: Ricardo de Almeida